A loja José Ribeiro e Filhos, Lda., que vende tecidos, roupas interiores e artigos de retrosaria, já celebrou o seu centenário. O estabelecimento comercial foi fundado por António Castanheira e, apesar de não se saber a data exacta da inauguração, já tinha as portas abertas em 1918, como comprova um anúncio num calendário-brinde da Tipografia Caldense desse ano. Com a montra virada para a Praça da Fruta, a loja mantém-se na mesma área de negócio, estando na família Ribeiro há mais de meio século. Rogério Ribeiro, que é mestre de Judo, é o rosto deste estabelecimento desde há 30 anos.
Há uma loja de tecidos, artigos de retrosaria e roupa interior no número 26 da Praça da Fruta. Foi fundada há mais de 100 anos por António Castanheira e adquirida por José Ribeiro há 52 anos. No início da década de 80 do século passado, com apenas 17 anos de idade, o actual proprietário, Rogério Ribeiro, assumiu a gestão do estabelecimento.
Sem qualquer experiência, ele e a irmã tomaram as rédeas do estabelecimento comercial do pai, José Ribeiro, e aprenderam à custa da própria experiência. “Houve tempos difíceis aqui”, recorda Rogério Ribeiro, acrescentando que foram os primeiros anos, de grande movimento, que permitiram a construção de uma almofada financeira e a aprendizagem do negócio.
Nestes anos muito mudou, mas em termos de aparência a loja manteve-se igual, com aquele grande balcão corrido em madeira, pintado de verde, com o chão em pedra e o tecto em madeira, com as estantes de madeira maciça, cheias de produtos que dão cor à loja.
A área de negócio é a mesma que sempre foi: produtos de retrosaria, tecidos e roupas interiores. Entretanto, alguns deixaram de servender, recorda Rogério Ribeiro. “O meu pai vendia aqueles cobertores de algodão que já não se fazem e os chapéus de palha”, lembrou o empresário, notando também uma grande evolução na diversidade dos tecidos e de roupas interiores, que antes “eram muito rudimentares”.
As mudanças sucederam-se a outros níveis. Por exemplo, antigamente tinha mais tecidos para confeccionar roupa, enquanto que hoje em dia vende mais para trabalhos de patchwork, para bordar, para fazer cortinas e para tela de pintar.
Os hábitos de consumo também se foram alterando. “O dia mais forte já foi à segunda-feira, quando vinha toda a gente das aldeias à cidade. Hoje é um dia banal, é muito incerto e mesmo o sábado de manhã, que também era muito forte, para mim na maioria das vezes não é nada de jeito”.
Hoje em dia o aparecimento de clientes é mais regular. Rogério nota que as rotinas são diferentes de antigamente e que se nota uma diferença abismal de pessoas a andar na rua. “Há muitos jovens que passam meses sem vir ao centro da cidade”, referiu.
Enquanto Rogério fala com a Gazeta das Caldas, entra uma senhora que quer comprar elásticos. No final da transacção, de 50 cêntimos, Rogério agradece e despede-se, enquanto vai direito a um grande cofre para guardar os trocos. Continuamos a nossa conversa, num momento em que Rogério nos fala do ex-libris da cidade, bem do lado de fora da montra. “Vi a Praça da Fruta a crescer e depois a diminuir, vi grandes alterações em termos de comércio devido às grandes superfícies. Vivem-se tempos difíceis para este tipo de comércio e já se vivem há muito tempo”, alertou.
PRAÇA É O MOTOR ECONÓMICO
A Praça é um motor da economia em volta. “Há dias à tarde em que não se vê ninguém”. Há questões como o estacionamento, que têm de ser pensadas. “Eu moro a dois quilómetros daqui e tenho de deixar o carro a meio caminho porque não há estacionamento. Não há condições para pessoas com dificuldades de mobilidade”.
Há outras questões que Rogério levanta. “A animação de Natal é muito importante, mas onde eu moro, na Quinta dos Pinheiros, e nos arredores temos água castanha e alcatrão esburacado. Já estraguei três esquentadores e a máquina de lavar. Caldas tem de pensar nas infraestruturas que estão um bocado descuradas. Se não houvesse iluminação de Natal um ano para arranjar os problemas ninguém se chateava. Há que colocar a vaidade de parte e dar mais condições”.
O empresário refere que o negócio vive muito da ligação com as pessoas. Tem clientes de há muitos anos, especialmente para comprar roupa interior, onde se gaba de ter qualidade. “Há muitos emigrantes que vêm aqui comprar as coisas para levar”.
A loja está aberta de segunda a sexta-feira entre as 9h00 e as 19h00, sendo que por vezes fecha meia hora mais cedo (especialmente no Inverno). Ao sábado, quando abre, funciona apenas de manhã.
Em tantos anos, Rogério recorda vários episódios. “No dia-a-dia há imensos, mas lembro-me de um no Natal anterior, num sábado à tarde que abri meio contrariado. Apareceu um casal de Mafra que viu umas capas de lã na montra e que gostaram muito. Estiveram na loja mais duas horas e compraram o equivalente ao que vendo numa semana. Eles iam conversando e comprando. Olha uns pijamas e podíamos aproveitar e levar também roupões, diziam”. No final, Rogério ajudou a transportar os vários sacos até ao carro.
Outra vez, a um sábado, faltavam cinco minutos para a uma da tarde, “e eu desertinho para ir embora” quando apareceu uma senhora com duas filhas que vinham do Alentejo e estavam de férias. Vieram comprar linhas e estopas e “levaram uma quantidade enorme de artigos”.
O MESTRE ROGÉRIO
Há uma outra faceta pela qual Rogério é muito conhecido nas Caldas. Tratam-no por mestre porque há 30 anos que é professor de Judo. Já transmitiu a técnica e os valores a centenas de jovens.
Actualmente dá aulas nas Caldas e no Bombarral e faz parte do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Judo.
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