Lavandarias self service são moda também nas Caldas da Rainha

Caldas da Rainha não passa ao lado da moda nacional que são as lavandarias self service. Este ano já abriram três, duas delas durante o mês de Outubro, e são já cinco na cidade as opções para quem precisa de lavar ou secar roupa e não o pode fazer em casa. Os preços começam nos 3,80 euros para a lavagem, e a secagem custa, por norma, 50 cêntimos a cada ciclo de cinco minutos.

Corria o mês de Agosto de 2002 quando abriu nas Caldas a primeira lavandaria self service. O que era comum ver-se nos filmes americanos já se podia fazer nas Caldas da Rainha, antes mesmo que em muitas outras cidades do país. A Lavomatique, no Bairro dos Arneiros, foi a primeira a abrir na região, “e não sei se havia alguma em Lisboa”, frisa o proprietário, José Gomes Malta.
“O início não foi fácil, mas havia curiosidade porque era um conceito novo aqui, que só se via nos filmes, por isso as pessoas foram vindo e, apesar de nestes 13 anos terem existido altos e baixos, o negócio tem corrido bem”, refere o proprietário da Lavomatique.
A chegada de concorrência, sobretudo este ano, é vista como algo normal. “É assim em todos os ramos, nos cafés, nas cabeleireiras, mas quando a concorrência é leal dá para todos”, assegura.
António Manuel abriu a Washstation em Julho de 2008, junto ao quartel dos bombeiros. Diz que a súbita abertura de novas lojas se deve, por um lado, à adesão crescente em relação a este conceito, quer por parte de clientes, quer de investidores. “As pessoas viram que as casas que estavam abertas funcionavam bem e estão a apostar nesta área”, considera.
O conceito funciona porque, feitas as contas, fica mais barato lavar assim do que em casa. E explica: “É mais barato lavar e muito mais barato do que secar em casa. E em uma hora e meia lava-se e seca-se uma quantidade de roupa que com as máquinas domésticas pode demorar o dia inteiro”.
Isabel Rodrigues, uma das utilizadoras com quem nos cruzámos, não concorda tanto com a ideia de ficar mais barato, mas confirma a questão da comodidade. “No Inverno rende e poupa-se tempo porque a maior parte da roupa nem precisa de ser passada, é só arrumar”, conta.
Carla Caiado é uma utilizadora mais assídua, mas apenas da secagem, sobretudo quando está mau tempo. Lava a roupa em casa, porque tem máquina, mas não lhe compensa investir numa de secar, tanto pelo que ia gastar na máquina, como na eletricidade. “Aqui seco em 30 minutos o que precisava de três horas para secar numa máquina em casa”, relata, confirmando a tese de que a maior parte da roupa nem precisa de ser passada a ferro. “Como o dono já me conhece, às vezes saio para fazer compras e quando chego já tenho a roupa dobrada no cesto”, acrescenta.
Outra utilizadora que encontrámos, Maria Amaro Leonardo, só utiliza para lavar peças grandes, que não consegue lavar em casa, como os cobertores.
Outra vantagem da utilização destas lavandarias é o facto de utilizarem desinfectante junto com os detergentes e amaciadores.

200 mil euros investidos em seis meses

Apesar de, tanto José Gomes Malta, como António Manuel, dizerem que sentiram um pouco a crise nos últimos dois anos, isso não fez decrescer o fervor dos investidores nesta área. Só este ano, desde Março, já abriram três lavandarias self service nas Caldas da Rainha, mais a do Intermarché de Óbidos (cuja administração não respondeu ao nosso contacto). Só nas três lojas que abriram nas Caldas o investimento foi, em conjunto, superior aos 200 mil euros.
Manuel Perdigão é o responsável pela maior parte deste investimento, com as duas lojas Lava Bem. A primeira abriu a 15 de Março, junto à Fonte Luminosa, a segunda a 24 de Outubro, junto à entrada do antigo parque de campismo do Parque D. Carlos I.
“Senti que havia mercado quando abri a primeira e a ideia foi logo abrir uma segunda loja, mesmo que abrissem outras na cidade”, revelou à Gazeta das Caldas.
Manuel Perdigão, que mora na Lourinhã, mas é de ascendência canadiana, sabia do potencial que este sector tem na América do Norte e há cinco anos que trabalha em Portugal em lavandarias self service, abrindo algumas em sociedade com dois filhos e montando para outros clientes.
“Apostamos em lavandarias grandes, com mais espaço, mais máquinas e de maior capacidade, na qualidade do serviço e no melhor preço”, declara. A Lava Bem é a que tem a maior máquina nas Caldas, com capacidade para 24Kg de roupa. A Lavomatique tem uma de 18Kg, na Lavisec e na Washstation o máximo são 16Kg.
Na Lava Bem há um cuidado reforçado no aspecto limpeza da loja, diz o proprietário e na relação com o cliente. “Tentamos estar sempre presentes para resolver o que possa surgir”, reforça.
A Lava Bem também aposta na produção dos próprios detergentes, o que, garante, “contribui para melhores resultados na lavagem”.
Também em Outubro abriu na Rua Fernando Ponte e Sousa, perto centro comercial La Vie (antigo Vivaci) a Lavisec, uma lavandaria com o sistema da alemã Miele.
Rita Mendes, antiga cavaleira profissional, estava à procura de um negócio para investir. “Tomámos conhecimento que estas lavandarias estão a ter uma boa aceitação e o estudo de mercado que fizemos dizia que havia espaço para abrir mais uma com rentabilidade e decidimo-nos por esta zona, porque não havia nenhuma”, conta.
A aposta na Miele foi por ser uma marca “de referência”, que apesar de ter um custo um pouco maior, “não é significativo e garante resultados superiores”, defende a empresária. Para além da qualidade das máquinas, destaca ainda os detergentes que também são da Miele, desenvolvidos para aquelas máquinas.
Para além da proximidade com o centro comercial, onde as pessoas podem ir enquanto a roupa lava, a Lavisec é a única das cinco nas Caldas que tem um hotspot de internet Wi-Fi.
De resto, cada lavandaria tem apostas diferentes para atrair os clientes. Na Lava Bem a preocupação foi dotar o espaço com várias mesas, para que os clientes possam ter mais espaço para trabalhar a roupa, mas também tem televisão por cabo. Na Washstation, por outro lado, o serviço é completado com uma engomadaria. “Temos clientes que aproveitam e fazem as duas coisas, mas também temos clientes só da engomadaria”, refere António Manuel, pelo que acaba por ser um complemento ao negócio. Esta empresa também faz gratuitamente recolha e entrega de roupa.

Sobe a concorrência, descem os preços

Por norma, quando a concorrência aumenta é o consumidor que ganha, com oferta de preços mais baixos. E é isso que está a acontecer um pouco.
É na Lavisec que se consegue lavar a roupa pelo preço mais baixo. Com o cartão de cliente a lavagem na máquina de 8Kg custa 3,80 euros, ou 4 euros sem o cartão. Os mesmos 4 euros que custa na Lava Bem na máquina com a mesma capacidade e que na Lavomatique na máquina de 7,5Kg.
A Lavisec tem ainda máquina de 16Kg, cuja lavagem custa 8 euros sem o cartão cliente e 7,50 com o desconto. Esta lavandaria tem três máquinas de lavar e três de secar.
Na Lava Bem não existe cartão de fidelização, até porque é, das quatro marcas presentes nas Caldas, a única que funciona com moedas inseridas directamente na máquina – as restantes funcionam com central de pagamento. Estas lavandarias são as que têm a gama mais alargada de máquinas: são seis de lavar (de 8, 11, 18 e 24Kg de capacidade), com preços que variam entre os 4 e os 9 euros, e cinco de secar (entre os 13 e os 16Kg).
A Washstation tem três máquinas de lavar, de 11 e 16Kg e preços entre os 6 e os 8 euros. O cartão de cliente garante descontos de 60 e 80 cêntimos, respectivamente. Esta lavandaria também tem três máquinas de secar, com a mesma capacidade das de lavar.
A Lavomatique, tem seis máquinas de lavar, entre os 7,5 e os 18Kg e os preços variam entre os 4 e os 8 euros.
No que à secagem diz respeito, os preços equivalem-se. Quase todas cobram 50 cêntimos por ciclo de 5 minutos (devem ser necessários 25 minutos para uma secagem eficaz, consoante a quantidade e o tipo de roupa). Só na Washstation o preço e os ciclos diferem, 1,50 euros por 12 minutos, ou 10 minutos na de 16Kg. Na Lavomatique os ciclos de 10 minutos custam 1 euro e os de cinco minutos custam 60 cêntimos.