Mercearia Pena adquire Café da Rodoviária

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O Café Claras, junto à Rodoviária, pertence agora à Mercearia Pena. Este negócio “é a concretização de um sonho antigo”, disse Rui da Bernarda à Gazeta das Caldas acrescentando que esta aquisição vai permitir o desenvolvimento do seu negócio pois “fazia-nos falta um espaço onde fosse possível ter à mesa os produtos que temos à venda na Mercearia”.
Um local onde agora é possível saborear o Café da Avó e os queijos e enchidos fatiados que antes só se podiam consumir em casa. E há mais novidades: Rui da Bernarda promete programação cultural e iguarias de antigamente como a água chalada, pão com manteiga e açúcar e as antigas torradas, como se preparavam outrora.

“Há muito tempo que procurávamos um espaço que nos permitisse a expansão da Mercearia Pena”, disse Rui da Bernarda acrescentando que foi há quatro meses que surgiu a oportunidade de ficar com a empresa Rebelo & Diogo Lda, que antes explorava o Claras.
Neste novo estabelecimento vai ser possível continuar ou expandir o negócio das duas lojas que já possui: a Mercearia Pena e a Pérola da Sorte, que fica ao pé da estação e que se dedica ao jogo (euromilhões, totobola, totoloto, raspadinhas e lotaria).
O café tem uma localização que é muito central e que “apesar de actualmente não estar nas melhores condições, tem uma história para contar”, disse o empresário que vai investir cerca de 150 mil euros nas obras para a renovação do café.
“Este é  dos espaços comerciais  mais antigos das Caldas, o único com uma porta giratória”,  disse o responsável que quer apostar forte na qualidade dos produtos.
“Vamos apostar nos produtos de grande qualidade, tratar bem os nossos clientes para que eles voltem. Não há outra forma de combater a crise, temos que nos diferenciar dos nossos concorrentes”, disse o empresário.
Além do mais, Rui da Bernarda manteve os três postos de trabalhos e criou mais dois. Depois das obras de renovação, com a cozinha a funcionar “possivelmente teremos que contratar mais gente”, disse à Gazeta das Caldas.
Para Rui da Bernarda, os tempos de crise são também tempos de oportunidade. Nesta primeira fase “estamos a estudar os nossos clientes e a adaptarmo-nos. Pretendemos estabelecer novos horários e novas formas de captar os clientes das Caldas que estão há muito tempo afastados deste café”, disse.
O empresário quer ainda estabelecer parcerias e promete também apostar em programação cultural. Este é um local que é  das Caldas e que tem estado afastado mas é para devolver à cidade e “voltar a ser o sítio que sempre foi”.
Em relação ao património do próprio café há uma estátua de metal que representa um cavalo e que está no momento a ser recuperada por mestre Herculano Elias. Rui da Bernarda quer devolver a obra ao estabelecimento.

Água chalada e torradas de outros tempos

O café “Claras” em tempos, “chegou a ter uma banda permanente”, disse o responsável que aproveita para pedir a quem souber histórias antigas sobre este estabelecimento ou ainda pede para ter acesso a fotografias de outros tempos.
“Gostaria de voltar a dar vida a este sítio, queria devolver-lhe o glamour”, disse. Além do mais, Rui da Bernarda quer introduzir produtos de outrora como as torradas com azeite ou o pão com marmelada e queijo, “coisas que habitualmente não existem nos cafés”. Tem ainda a ideia de  recuperar antigas receitas da região como uma Água Chalada que pensa fazer no próximo Verão, onde poderá usar o famoso Café da Avó, um dos produtos mais requisitados da Mercearia Pena.
Rui da Bernarda pensa futuramente ter alguns produtos à venda como os bolos secos, algumas conservas e pensa por exemplo vender vinho de qualidade a copo. O problema, conta, é que se vender na mercearia paga-se 6% de IVA, já no café, são 23%, algo que lamenta.
Para a expansão do negócio, Rui da Bernarda presta homenagem aos seus familiares, também empresários. O seu pai, com 73 anos, “é das pessoas mais empreendedoras e dinâmicas que eu conheço”, disse.
Rui da Bernarda lamenta que falte estratégia à cidade das Caldas da Rainha. “É preciso deixar de apostar no aproveitamento dos subsídios e dos dinheiros do QREN sem pensar no futuro”, comentou o empresário para quem é preciso encontrar um rumo para o que se pretende com a cidade. “Pensar apenas no imediato não é uma solução para as Caldas”, considera.
Na sua opinião para uma estratégia para o futuro é necessário criar bases que nunca existiram e que o concelho vizinho, Óbidos, conseguiu com êxito. “Temos que saber para onde queremos ir, escutar o mercado e corresponder às expectativas. Até porque não vale a pena investir numa cidade que está vazia”, rematou.
O Café Claras funciona entre as 5h30 e as 20h00 (de segunda à sexta-feira e ao sábado entre as 7h00 e as 14h00). Este poderá não ser o horário final pois, após a intervenção no espaço, “gostaria de alargar para domingo”, disse o empresário.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt