Turismo Acessível versus Acessibilidades no Turismo

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Nunca foi tão oportuno falar de Turismo Acessível como neste momento de Pandemia Covid-19 que estamos a viver. Aproveita-se o momento para fazer algumas limpezas, arrumações, remodelações, adaptações e, porque não, apostar na criação de acessibilidades necessárias para poder receber todos os potenciais clientes/turistas com todas as boas condições de mobilidade.
Em boa hora o Turismo de Portugal introduziu a disciplina “Turismo Acessível” no plano curricular do Curso de Gestão de Turismo, pois o tema das Acessibilidades no sector do turismo é de extrema importância!
Devemos, pois, salientar os dois importantes aspetos deste tema, o social e o empresarial.
Hoje ainda falamos em criar acessibilidades para que um cliente com limitações motoras, que se transporta em cadeira de rodas, por exemplo, possa chegar sem barreiras físicas à receção do hotel ou à sala de um restaurante e que possa movimentar-se sozinho, como muitos se deslocam em viagem, e poder aceder à mesa, ao WC e ao quarto. Se sim, podemos exatamente dizer que esse edifício, essa unidade não é deficiente, porque pode acolher TODOS independentemente das suas necessidades especiais.
Apesar de toda a legislação que impôs números e normas, as barreiras físicas e sociais continuam a ser em muitos casos inultrapassáveis, se não vejamos. Os nossos edifícios públicos e privados oferecem rampas precedidas de um patamar com um degrau com 20 cm de espelho, sem patamares de descanso e declives que em muito ultrapassam os 6 para um! Como poderá alguém de cadeira de rodas ultrapassar essa barreira? E a dificuldade tanto é a subir como a descer. Muitas até com ajuda são intransponíveis.
Quartos que se dizem acessíveis, só porque se colocam uns varões na casa de banho, mas onde a cadeira não pode circular, portas onde não consegue passar, ou a banheira é de tal modo alta que não dá hipótese à transferência de pessoas, da cadeira de rodas para dentro e vice-versa. Mas existem as outras barreiras, as sociais. E essas, são tão ou mais confrangedoras que as físicas, pois discriminam quase preconceituosamente as pessoas com limitações de qualquer ordem.
Ainda temos um outro aspeto que nos preocupa e deve preocupar toda a sociedade, mas de um modo muito especial as autoridades e os empresários. A empregabilidade.
Do contacto que tivemos com alguns dos portadores de necessidades especiais, afirmam que ainda existe muita discriminação negativa no tocante ao Emprego. Muitas destas pessoas desenvolvem aptidões muito especiais e com uma acuidade muito superior às ouvintes, aos visuais, e outras não portadoras de necessidades especiais. Mas se falarmos em limitações motoras, mantém muita independência no seu dia a dia, pois hoje já existem uma boa panóplia de acessórios, cadeiras, cadeiras elétricas, andarilhos, bengalas, etc, até os surdos e com algumas limitações intelectuais são excelentes trabalhadores, porque sublimaram outras faculdades compensatórias.
Apela-se às autoridades para criarem discriminação positiva em relação às empresas que venham a empregar estas pessoas, com ajudas “que se vejam” para se criarem oportunidades reais para estas pessoas.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) estamos a falar de um universo de potenciais turistas, a nível mundial, de uma população com mais de 60 anos a rondar os oitocentos milhões de pessoas; 15% da população mundial transporta algum tipo de deficiência, equivalendo cerca de mil milhões de pessoas, de referir o efeito de acompanhantes que representa mais 2,2 pessoas.
Retenhamos mais duas cifras, ainda segundo a OMS, entre 2000 e 2050 duplicará a percentagem de pessoas com mais de 60 anos, passando de 11% para 22%, atingindo-se cerca de dois milhões de pessoas, enquanto isto a população com mais de oitenta anos quadruplicará atingindo uma cifra muito perto dos 400 milhões de pessoas.
Não podemos deixar de sensibilizar os nossos futuros operadores para este segmento do mercado, mas não podemos esquecer que temos de criar as “melhores” condições de estadia de cada um …é isso que vamos continuar a fazer nas aulas de Turismo Acessível na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste! Lutar pela Acessibilidade Universal e pela Empregabilidade Universal!!

Gazeta das Caldas

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