«A terra onde nascemos», de Vergilio Alberto Vieira

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ImageSeria «paisagem» porque o texto deambula pelos lugares de forma didáctica:«Vindo da Rua de Santo António ou da D. João I, é certo que já o afã de
outras épocas não embaraça o andarim, sem saber para onde se dirigir: se pelo Largo do Pão ou do Leite, hoje da Condessa do Juncal, com passagempela Rua Egas Moniz, dobrando à direita rumo ao Campo da Feira; se pela Rua da Rainha, de passo andado que, para o Terreiro do Carmo, não há que se enganar». Seria «povoamento» porque as figuras da terra («burgo, reino, império, nação») por aqui circulam desde Afonso Henriques, Camilo CasteloBranco, José Bandeira, Morais Sarmento, Alberto Sampaio, Abel Salazar ou Raul Brandão: «talvez o autor de «O pobre de pedir» gostasse de aqui ter sido sepultado junto à oliveira que hoje cobre de paz o espírito do lugar».
Guimarães, terra de trabalho e de paixão, tem neste livro lado a lado as fábricas («curtumes, cutelarias, moagens, chapéus, atoalhados, algodões, sedas e papel») e o santuário do futebol: «Hoje todas as ruas da cidade
irão ter ao estádio D. Afonso Henriques que se ergueu, há um bom par de anos, no lugar do imortal Campo da Amorosa.» Conclusão, precária embora: «Com todas e com nenhuma se parecem as cidades» porque «embora diferentes, embora iguais, o que no fundo as distingue é o que há de nós em cada uma».
(Editora: Papéis de Fumar, Fotografias, Rui Sousa, Escultura: João Cutileiro)

José do Carmo Francisco