Capital Psicológico

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Viver por cá: um bem a preservar
Nascida nas Caldas a 15 de maio de 1980 e criada entre as Caldas e Óbidos, foi no Alentejo e a partir dos 18 Anos que me formei enquanto académica e profissional. Dezasseis anos volvidos e por causas pessoais, regresso às terras que me tornaram cidadã.
“Na teoria não há nenhuma diferença entre teoria e prática, mas na prática há” (escreveu Jan L. A. Van de Snepscheut). Assim sendo, mais do que às teorias, esta rubrica quinzenal é dedicada às partilhas (de exemplos, de conversas, de práticas e de casos que movem as vontades das gentes da nossa terra ). São partilhas cunhadas pelo “defeito” pessoal e profissional em refletir e falar sobre a psicologia – não clínica -, aplicada ao dia-a-dia e ao lado funcional da vida profissional, do trabalho e das organizações.
É a propósito desta grande mudança na minha vida – em que o assunto do meu regresso de malas e bagagens tomou muitos dos assuntos de conversa com amigos e conhecidos – que tenho sido frequentemente surpreendida com as seguintes frases: fizeste bem em vir para cá…! Aqui é que se está bem!. Duas coisas: 1) obrigada, 2) enquanto regressado membro da comunidade, conforta-me saber que quem cá vive, gosta de viver por cá. Isto levou-me a falar sobre um tema em particular: capital, não o financeiro, mas o capital psicológico. E acabou também por ser este o nome que escolhi para a rubrica.
À semelhança do capital financeiro – sobre o qual não me quero debater – também as regiões têm um capital psicológico. Ter capital psicológico significa apresentar um estado psicológico positivo, que pode ser “medido” e que implica quatro coisas:
– Auto-eficácia: ter confiança para lidar com o esforço necessário para se ter sucesso perante desafios;
– Otimismo (realista): acreditar que se é capaz e que é possível obter sucesso (tendo consciência da realidade);
– Esperança: ser firme no alcance e superação de objetivos ainda que seja necessário redirecionar esforços;
– Resiliência: resistir e persistir quando há impasses, imprevistos, problemas e dificuldades.
Se há uma crença “que me assiste” é a de que todos somos vulneráveis. Um aparte – existem é nuances que se revelam na forma de nos exprimirmos e que mostram o quanto a cultura por vezes nos oprime. Por exemplo, enquanto o comum dos mortais tem medo, um homem, chefe de família, dirigente e até empresário, apenas tem receio. Ou seja, a cultura força o que desejavelmente cada um pode e deve expressar, dependendo dos nossos estereótipos e preconceitos.
Mas cultura à parte, uns mais outros menos, somos todos vulneráveis e, portanto, perante as frases que me têm sido dirigidas, o meu capital psicológico agradece. Praticamente desde que voltei que me sinto a capitalizar. De facto, a mais pequena coisa – oferecida gratuitamente – pode ter um grande impacto na motivação e na capacidade de superação de uma pessoa. Mas também num grupo de pessoas, numa empresa, numa organização, numa cidade, numa região. Como dizem Luthans, Youssef & Avolio (2007, p. 103-104): “As organizações que capitalizam o capital humano, social e psicológico dos seus empregados e líderes têm mais probabilidade de beneficiarem de vantagem competitiva de longo prazo”.
É grande o poder dos homens, sobretudo o poder da sua mente, ação e palavra.