Falemos de Património

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A região das Caldas da Rainha tem um clima ameno, com gente acolhedora e simpática, e um rico passado histórico, patente nos vestígios existentes. As gerações prolongam-se no tempo pela passagem do património material (obras) e imaterial (memória e saber fazer). O caldense (romano, árabe, medieval, termal, natural), pertença de todos, deve ser conhecido e defendido como “cultura, memória, consciência colectiva e continuidade histórica que representa o modo de pensar e viver”.

O património cultural, complexo, de variados factores comunitários, deve ser visto como recurso herdado que testemunha valores, saberes e tradições, revigorado pela poderosa alavanca social e económica. É preocupação antiga no conceito e equipamento museológicos que iremos referir:
1) Museu, armazém soturno de objectos misturados para elites culturais. O final do séc. XX gerou novo conceito espacial para além das paredes espraiando-se pela natureza que integrava o homem (ICM 1997);
2) Parque Natural, criado pelo Presidente Roosevelt (USA), 1872, “para protecção dos objectos com interesse natural, científico, pré-histórico e histórico”;
3) Museu Aberto, de origem escandinava reconstruía “aldeias características”;
4) Parque Natural, alemão, nasceu no séc. XX (década de 30) para salvaguarda de factos significativos da paisagem rural no respeito pelo equilíbrio da acção do homem face à protecção pontual da fauna e flora espontânea;
5) Ecomuseu, criado por Henry Riviére, explica a relação de moradores com a natureza envolvente para confrontar o homem com o território onde há gerações vive e labuta;
6) Economuseu, museu vivo auto-sustentado, extensão do ecomuseu, procura rentabilizar a empresa com interesse cultural (moinho, fiação de tear) para obter receitas a partir do património local ou regional;
7) Centro de Interpretação, apresentado no Canadá (1976), acata a verdade histórica num programa científico qualificado, atento à realidade local-regional na procura de resposta adequada às necessidades futuras. Apresenta o território a moradores e visitantes num processo de valorização determinado e sério a dar réplica a múltiplos públicos atentos ao respeito do registo historiográfico e memória oral. (…) Contribui para a personalização e bem-estar local na medida que entende, relata e explica o passado face ao futuro, com o envolvimento activo e entusiástico de estruturas culturais, sociais, económicas, locais e regionais. Para ter êxito deve funcionar como espaço multidisciplinar (acolhimento, estudo, consulta em comunicação biunívoca) com o recurso a modernos meios multimédia, percursos pedestres e visitas guiadas numa prática activa de divulgação científica, académica, cultural, turística. É a abordagem do binário Homem-Natureza, que pela importância nas diversas vertentes merece atenção particular na criação dum projecto apelativo, criativo e inovador, que una todos numa vontade colectiva para o bem local e regional. A criação do Centro de Interpretação na Foz do Arelho é oportunidade única que liga mar-lagoa e aproxima Caldas e Óbidos pois juntos somos maiores. Basta olhar com atenção para projectos próximos com provas dadas como o de Vimeiro.

Victor Santos