Joaquim Urbano | DR

Época tradicional das férias de que todos necessitamos para repor energias depois de um ano de trabalho. Necessárias para aliviar o stress e repor as nossas energias físicas e emocionais. Talvez as férias do nosso descontentamento… pela situação grave e imprevisível que se vive a nível global provocada por um coronavírus pouco conhecido ainda sem terapêutica específica e sem vacina. Práticas de higiene promovem a prevenção do contágio, de acordo com as autoridades de saúde: distância social; uso de máscara; etiqueta respiratória e higiene frequente das mãos e de todas as superfícies e objetos. O regresso ao trabalho e às escolas são períodos críticos que não podem ser negligenciados.
As circunstâncias aconselham uma maior contenção para deslocações para fora do País. Estas serão umas férias diferentes. Uma oportunidade para descobrir um Portugal desconhecido e contribuirmos para ajudarmos a nossa economia.
Permitam-me então que sugira uma passagem pela Bairrada, região vitivinícola por excelência, demarcada desde finais de 1979, reconhecida pela qualidade dos seus vinhos e espumantes. Situada na Beira Litoral integra os concelhos de Anadia, Mealhada e Oliveira do Bairro e ainda freguesias dos concelhos de Águeda, Aveiro, Cantanhede, Coimbra e Vagos. Reconhecida pela sua gastronomia em que domina o leitão assado, a sua cabidela e iscas, mas também pela chanfana, rojões, negalhos e outras iguarias. Terra de águas em que se destacam as Termas da Curia conhecidas desde a presença dos romanos na península ibérica (Aquea Curiva), com o seu frondoso Parque (palco do Circuito da Curia consagrada prova de ciclismo na 2ª metade do séc. XX) e grande lago artificial. Curia foi palco de grandes eventos sociais. Destaco o Grande Hotel das Termas e o Palace Hotel da Curia onde, ao longo de décadas, se rodaram cenas de filmes e documentários dispondo de uma das primeiras piscinas olímpicas. As termas de Vale da Mó modestas, calmas, rodeadas de denso arvoredo e as únicas em Portugal com águas férreas. As reconhecidas Termas do Luso com o seu imponente Grande Hotel em cuja piscina olímpica se chegou a realizar provas internacionais. A visitar ainda muitos museus de que destaco o Aliança Underground Museum (Sangalhos), que se estende ao longo de centenas de metros em subterrâneos das caves Aliança Vinhos e que apresenta várias coleções da arqueologia à paleontologia, passando pela etnologia, mineralogia, azulejaria e cerâmica (interessante núcleo de cerâmica das Caldas da Rainha) – o casamento perfeito entre a Arte e o Vinho. O Museu de Vinho da Bairrada (Anadia) tem uma exposição permanente “Percursos do Vinho” representativa das etapas da vinha até ao vinho/espumante, enoteca, loja, espaço para exposições temporárias, etc. O Museu Militar do Buçaco com coleções únicas de uniformes e armas utilizadas pelas tropas anglo-lusas na Guerra Peninsular. O Velódromo Nacional (Sangalhos), centro de alto rendimento de ciclismo, judo, esgrima, ginástica, trampolim e desportos acrobáticos, inaugurado em 2009 dispõe de uma pista coberta, com 250 metros, construída em madeira e de espaço polivalente para eventos desportivos e outros. Ao lado foi recentemente construída a pista olímpica de BMX Race.
A Mata Nacional do Buçaco merece uma demorada visita. Nela é possível percorrer vários trilhos; a Via Sacra estende-se por cerca de 3 Km sendo uma réplica real e única da existente em Jerusalém e desde a 2ª metade do séc. XVII tem sofrido diversas alterações; a Cruz Alta, magnífico miradouro com vistas deslumbrantes; o monumento comemorativo da Batalha do Buçaco; várias fontes com relevo para a Fonte Fria; o Convento de Santa Cruz do Buçaco recentemente recuperado e os jardins do Bussaco Palace Hotel. A Grande Rota do Buçaco (pedestre e BTT) passando pela Mata liga os concelhos da Mealhada, Mortágua e Penacova, numa extensão superior a 50 Km.
A Bairrada uma região também de grandes campeões, homens da cultura, das artes, das letras e das ciências, assim é cantada pelo Padre Acúrcio Correia da Silva (1889/1925) “Do Bussaco até ao Vouga/Desde o Caramulo ao mar/Um paraíso se afoga/Em sol, verdura e luar… Porque passou na Bairrada/Camões, o rei dos cantores/Talvez dela copiada/Fosse a ilha dos Amores.”