Máscaras sociais, afinal sempre as usámos…

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Num momento particular que a Humanidade enfrenta, sou levada a refletir sobre o facto de termos de usar máscaras, uma nova realidade que me deixa tão desconfortável e assustada. Afinal uma vida inteira a aprender a interagir, captar reações nos rostos dos outros e agora, de repente, um véu opaco esconde-nos tamanho aprendizado. Quando penso nos mais pequenos, nos bebés, cujo estímulo se faz através da imitação, através de expressões faciais, questiono-me, como será crescer em contacto com rostos escondidos nos infantários? E em todos os lugares onde esta indumentária se tornou obrigatória? Iremos desenvolver melhor outros sentidos, audição, visão? Ou até desenvolver novas capacidades, nunca exploradas pela raça humana e aprender a decifrar através dos olhos muito mais informações…?
Muitas dúvidas, muitas curiosidades me assaltam ou então apenas me fazem perceber que afinal nada mudará assim tanto, ora vejamos, no nosso dia a dia somos convidados ao longo das diversas circunstâncias e cenários com que nos deparamos, a assumir papéis diferentes, como que se vestíssemos uma máscara, uma personagem, com a qual interagimos de modo diferenciado mediante a circunstância. Conseguimos integrar uma diversidade enorme de papeis/personagens em simultâneo, no meu caso, Ser mulher, Ser filha, Ser mãe, Ser irmã, Ser esposa, Ser profissional, Ser amiga, Ser contribuinte, Ser portuguesa, etc. Como perfeitos camaleões ou não, tentamos a todo o custo representar o melhor possível o nosso papel em cada circunstância, tentando sempre corresponder ao que acreditamos ou ao que nos fizeram acreditar Ser melhor. Então, mudará assim tanto o facto de lidarmos o dia inteiro com rostos escondidos atras de máscaras?
Não estaremos já habituados a lidar com elas? Uma pergunta subjacente a esta reflexão, será que também usamos uma máscara individual? Quantos de nós adaptados à vida do dia a dia, à rotina e às vicissitudes vestimos máscaras individuais? Chegando ao ponto de não nos reconhecermos a nós próprios? E se o desafio oculto de todas estas circunstâncias for obrigarmo-nos a voltar para dentro de nós? A conhecermo-nos e aprender a comunicar de uma forma diferente, mais genuína e autêntica, assumindo a nossa verdadeira identidade, onde as nossas ações e a nossa forma de estar expresse o Ser que somos individualmente, e desenvolver a capacidade de sentir e respeitar o Ser individual, único e insubstituível que cada um É! “Ser ou não Ser, heis a questão”.