Em memória do Paulo Jorge Esteves Pereira

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Caldas da Rainha perdeu, no dia 26 de maio, uma das suas mais íntegras figuras políticas. Um homem de Esquerda, de extremas virtudes morais, honrado e incorruptível.

Candidato, no ano de 2005, à Câmara Municipal das Caldas da Rainha (um concelho, como tantos deste país, bafejado pela pequenez política, onde o que importa mesmo é o cargo que se ocupa, independente de ideais ou ideologias) nunca se vendeu por meia dúzia de patacos de cobre, nunca saltou para o partido da Situação (como alguns, que se diziam de Esquerda, o fizeram) para melhorar de vida, recebendo os benefícios desse salto, nunca traiu os seus ideais e jamais distorceu as suas ideologias.
Tive o privilégio de com ele conviver, no ano de 2009, aquando da minha campanha à Câmara Municipal do mesmo município. Pude, com o passar dos meses de contato, tanto em reuniões na sede do Bloco de Esquerda quanto nas ruas, a conversar com a população, de perceber nele qualidades infindáveis.
As questões sociais, culturais e educacionais, foram amplamente discutidas, assim como a saúde, o transporte e o turismo, nada nos escapava. O nosso grupo, coeso, harmonioso, dedicado, nunca deixou de trabalhar pelo objetivo principal, que era o de colocar elementos na Assembleia Municipal e nas juntas de freguesia. O que foi alcançado.
Enganam-se, aqueles que acreditavam que estávamos a lutar pela presidência da Câmara Municipal. Não! Na realidade, bastava-nos ajudar toda a Esquerda a enfraquecer o partido da Situação. Sendo o distrito de Leiria dominado pelo PSD, graças à pouca cultura política da sua população, qualquer que fosse o partido, com a nossa tendência, que conseguisse retirar votos à Direita, seria um vencedor.
O Bloco de Esquerda das Caldas da Rainha, em 2009, foi o grande vitorioso, pois, conseguiu disputar a eleição nas 16 freguesias do concelho (a par do PSD). Tal feito deve-se a dois fatores: A união de todos, a remar para o mesmo lado, sem protagonismos, e as palavras de incentivo daqueles que, como o Paulo Pereira, com a experiência adquirida em pelejas anteriores, fortaleciam a equipa.
A Esquerda das Caldas da Rainha, deveria unir-se em um ato solene e render um preito sincero, em homenagem a esse homem de valor que, na medida das suas possibilidades, fez política com honestidade e competência.
Da Direita pouco espero, pois tenho o exemplo do abandono a que está votado o nome e o legado do ex-presidente da Junta de Santo Onofre, Hermínio Maçãs, por parte da Câmara e demais órgãos municipais.
Deixo aqui toda a minha admiração e saudade ao Paulo Jorge Esteves Pereira.

Rui Calisto