Um obrigado aos veterinários que salvaram o Nyll

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Nyll, de raça Golden Retrevier nascido a 06/01/2006, sempre foi um cão hiperativo e obcecado pelo dono. Há alguns anos atrás inalou uma pragana precisando com urgência de uma rinoscopia. Foi levado à única clínica veterinária das Caldas da Rainha dotada do equipamento necessário e intervencionado.
Subitamente, há dois meses, começou a sangrar do nariz, foi visto pela veterinária perto de casa e a hemorragia parou.
Segunda-feira 5 de Outubro, voltou a acontecer. Levei-o ao veterinário mais próximo de onde estava no momento, não sabendo da gravidade da situação. Todo ele estava repleto de sangue parecendo que fora atropelado. O corrimento não parava e tive de autorizar a adormecê-lo. Dez segundos depois de picado começou a escorregar-me das mãos e a adormecer, as lágrimas corriam pelo meu rosto e o coração batia com medo que lhe acontecesse alguma coisa. Horas passaram, mas o sangue não parava começando a sair pela outra narina, pela boca e pior, a ingeri-lo. A respiração começou a piorar cada vez mais. O veterinário aconselhou ser feita uma rinoscopia o quanto antes, mas não tinha o equipamento pois poucos o têm. Com tanta aflição, eu não conseguia falar. Então a minha mãe contactou a clínica que o tinha intervencionado no passado, mas ao verificarem que não tinham sido a primeira escolha, recusaram-se a recebê-lo desprezando a situação e o estado crítico do Nyll (eu pensava que os médicos veterinários tinham uma conduta igual à dos médicos de humanos e que o que importava era salvar uma vida… estou errado?).
Posto isto, o veterinário tentou ajudar-me contactando outros na região, mas os que tinham equipamento não estavam no momento. Eu, com o Nyll nos braços, tremia e sentia que estava a perdê-lo! Ele não podia ser deixado para “amanhã”, nunca me perdoaria se o perdesse! Foi assim que contatei o Hospital Veterinário da Mata de Santa Iria e consegui falar com o Dr. Estevão Reis (caldense) que logo se prontificou a receber o Nyll. Já passava das 21h00. Sem olhar para trás, sem esperar que me ajudassem, peguei nele totalmente desfalecido, coloquei-o na mala do carro e fiz-me à estrada.
Durante todo o caminho fui falando para ele. Sabia que ele me estava a ouvir e que a minha voz lhe daria força. Quando cheguei, o Dr. Estevão viu alguns exames feitos na clínica anterior e fez mais exames para avaliar o risco de voltar a adormecê-lo (o Nyll tem quase 10 anos e já não é um cão jovem). Esperei pelos resultados e tive de tomar a decisão de autorizar e acarretar com todos os riscos da intervenção. Com um grande nó no peito, mas pensando que era a forma de o salvar. Quis ficar junto dele. Nunca em nove anos o Nyll dormiu fora do conforto de casa, de um tapete, um sofá e até mesmo uma cama, mas por razões que respeito disseram-me para voltar para casa. O Dr. Estevão saía às 00h00, mas era 2h30m da manhã o meu telemóvel tocou para me acalmar e  dizer que tinha corrido tudo bem e o Nyll ia para o recobro.
No dia seguinte deixo o meu bebé de quatro meses na carrinha do berçário e lá vou eu ansioso por ver o Nyll. Ele é especial, nós temos uma ligação que não consigo explicar, estaria horas a contar pelo que já passamos juntos, e tal como acontece em casa eu esperava ouvi-lo ladrar assim que ele ouvisse o carro. Cheguei, desliguei o motor, mas não o ouvi. O meu coração começou a bater, mas rapidamente acalmou – lá estava ele de pé, contente a olhar para mim através de uma porta de vidro.
Esperamos pelos resultados da biopsia para saber o que o Nyll tem mas… o importante é que até agora não voltou a perder sangue e acima de tudo está em casa, feliz e contente, junto de quem o ama, da família e das amigas gatas Sasha e Catxuca.
O Nyll é muito mais que um cão, é o membro da família pelo qual os donos sempre vão lutar. Hoje tanto eu como ele estamos juntos para poder agradecer aos veterinários que lutaram por ele, ao Dr. Estevão Reis e aos funcionários do Hospital Veterinário da Mata de Santa Iria
Obrigado.

Ricardo Ribeiro