Um regresso às aulas fora do normal

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Ricardo de Albuquerque
Médico Interno na USF Rainha D. Leonor

Com o encerramento de escolas instituído em 191 países, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estima que cerca de 1,6 mil milhões de alunos tenham sido privados do ensino básico, secundário e superior, como resultado das medidas de contingência para a COVID-19.
Estas restrições foram introduzidas para ajudar a manter o distanciamento físico e contribuíram para a estabilização da incidência de infeção por SARS-CoV-2 e consequentes hospitalizações e mortes por COVID-19.
No entanto, prolongar estas medidas pode resultar em efeitos prejudiciais importantes para a saúde e o bem-estar das crianças e adolescentes. Estas consequências serão principalmente sentidas pelos membros mais vulneráveis da sociedade, ainda que não sejam completamente mensuráveis à data de hoje.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) estabeleceu um conjunto de normas para um regresso às aulas com segurança, no qual devemos confiar. Se tivermos em conta que deverá ser em casa que educamos os nossos filhos sobre a necessidade de nos protegermos a nós e aos outros, podemos libertar as escolas desta responsabilidade e assim diminuir o impacto sanitário da decisão “não-tão-fácil” de os deixar regressar à aulas.
Durante o desconfinamento tenho visto as crianças mais disciplinadas na utilização de máscara e no ato de lavagem e/ou desinfeção frequente das mãos do que muitos adultos. Quem sabe se não serão as crianças a dar o exemplo sobre como travar uma epidemia? Estou convicto de que estamos a tomar uma boa decisão ao deixá-las serem felizes a aprender.