Alcochete apontada como a melhor localização para o novo aeroporto

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Relatório encomendado pelo governo vai servir de base à decisão política, mas não reúne consensos

O Campo de Tiro de Alcochete conjugado com a Portela é a solução recomendada pelos técnicos no relatório da Comissão Técnica Independente (CTI), que avaliou as opções para o novo aeroporto de Lisboa. O mesmo documento refere que é inviável o Montijo e Santarém, o que já levou a reações da ANA, a empresa responsável pela gestão dos aeroportos em Portugal, e dos promotores do projeto Magellan 500.
A CTI avaliou as oito opções: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas, tendo em conta cinco fatores críticos de avaliação, cada um com vários critérios, num total de 24. Tendo em conta que a construção desta infraestrutura levará vários anos (8 a 10 anos, nas opções principais), a CTI propõe uma solução dual, com a conjugação do aeroporto Humberto Delgado a um aeroporto complementar em Alcochete, com uma pista de forma temporária, até ser possível ter construídas no mínimo duas pistas, e Alcochete ficar como único aeroporto internacional. Em segundo lugar, os técnicos recomendam a localização do aeroporto em Vendas Novas, sempre em articulação com a Portela. O projeto do novo aeroporto em Santarém, promovido pela Magellan 500, e que envolve territórios dos concelhos de Santarém, Golegã, Torres Novas e Alcanena, foi considerado “inviável” por razões de segurança aeronáutica e também pela distância a Lisboa, da qual dista 94 quilómetros. Também o facto de vir a ser construído inteiramente em solos privados, que levaria à necessidade de expropriar 1.360 hectares, é uma condicionante apresentada no estudo, a par da menor disponibilidade de solo para o desenvolvimento de atividades económicas.
Gazeta das Caldas questionou o presidente da OesteCIM, Pedro Folgado, relativamente à solução recomendada pela CTI e se esta era a defendida pela OesteCIM e a que melhor responde aos interesses da região, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. Em outubro do ano passado, também num artigo sobre a construção do novo aeroporto, o presidente, Pedro Folgado, disse à Gazeta das Caldas que a OesteCIM tinha consensualizado retomar o estudo da Ota como uma das soluções a defender junto do poder central e que não possuía dados suficientes para perceber se a opção Santarém é benéfica para o Oeste.

Moção na Assembleia caldense
Entretanto, na Assembleia Municipal das Caldas, está em apreciação uma proposta avançada pelo PS “Pela localização do novo aeroporto em Santarém” e “Pela criação de uma nova linha ferroviária Santarém-Rio-Maior-Caldas da Rainha-Peniche”. Este documento surge no seguimento da tomada de posição da Câmara e Assembleia Municipal de Rio Maior, de apoio ao projeto Magellan 500, que prevê a construção do aeroporto em Santarém e onde é defendido que este constitui para a região “um indispensável contributo para a economia regional e para a coesão social”, sendo expectável a “criação de 70.000 postos de trabalho diretos e indiretos”. O documento refere ainda que, tratando-se de um investimento privado, num montante entre 1000 e 1200 milhões de euros, não obriga a qualquer investimento público e “salvaguardando o interesse dos contribuintes”. Tal investimento poderá ter uma “influência decisiva na dinamização territorial, social e económica” da nova NUT 2, que engloba as sub-regiões do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo. O documento defende ainda na possibilidade de criação de uma nova linha ferroviária que ligue Santarém-Rio-Maior-Caldas da Rainha-Peniche, unindo a Linha do Norte à Linha do Oeste e criando um “by-pass” alternativo de circulação ferroviária.

Decisão política
Já no passado sábado, secretário geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou que Alcochete é a solução defendida há muito por este partido. “É a solução que responde, de presente e futuro, às necessidades”, salientou o dirigente político à margem da ação de rua em que participou, nas Caldas. Realçou que se trata de uma decisão “política e pública” para um equipamento “importantíssimo para o país” e que “não podem ser interesses privados a decidir se há aeroporto e onde é que ele é localizado”, numa crítica à Vinci, a multinacional detentora da ANA, que defende a opção Montijo como a melhor hipótese.
“Quem decide as prioridades do país é o governo e não o setor privado”, concretizou o dirigente comunista.
A intenção de construção de um novo aeroporto já tem meio século de história e, apesar de agora ter conhecido mais um avanço com a opção da CTI (que ainda vai para consulta pública), a decisão caberá ao próximo governo, que sair das eleições legislativas de 10 de março. ■