Autarcas reconhecem problemas ambientais na freguesia

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Gazeta das Caldas aproveitou a inauguração do largo dos Peais, no Reguengo da Parada, para questionar os presidentes da União de Freguesias de Salir do Porto e Tornada e da Câmara das Caldas acerca das questões ambientais desta freguesia.
É que em Setembro do último ano foi notícia na Gazeta das Caldas um estaleiro de estrume a apenas centenas de metros de captações de água potável que abastecem o concelho. Mais recentemente, um leitor queixou-se da excessiva pulverização com produtos cancerígenos (e contra o vento, que soprava na direcção das casas) em explorações agrícolas no Bouro.
Tinta Ferreira diz que a autarquia está sempre preocupada com estas questões e que continua “a desenvolver o trabalho necessário nessa matéria”. Garantiu que estão “atentos às questões da agricultura intensiva” e explicou que abordaram a Direcção Regional sobre essa matéria. “As licenças são passadas e as informações são de que tudo está a ser desenvolvido dentro das práticas”, contou, acrescentando que às vezes sente cheiros na cidade e alerta as autoridades, mas estas vão ao local e verificam que os alegados poluidores têm licenças passadas.
Já em relação aos aquíferos, Tinta Ferreira voltou a esclarecer que são feitas “análises com maior regularidade do que a lei obriga, para garantir que acompanhamos a situação” e que “a água está em condições”.

“DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA ENTENDE QUE NÃO É POLUENTE, MAS NÃO O ESCREVE”

Por sua vez, Arnaldo Custódio, presidente da União de Freguesias de Salir do Porto e Tornada, afirmou estar “muito preocupado” com os problemas ambientais das suas freguesias, mas lamenta não ter o poder de os resolver. Por exemplo, no caso da estrumeira entre o Bouro e Salir do Porto, “a Direcção Regional de Agricultura entende que aquilo não é poluente, mas não o escreve, não o assume de forma formal”.
Arnaldo Custódio realçou que “continuamos a ver o licenciamento desse tipo de agriculturas e a área que era de mata a ser convertida em zonas de produção agrícolas intensivas”. O autarca diz que esse tipo de agricultura é nocivo e criticou “a proliferação dos furos de água por toda a freguesia”.
O autarca realçou a dificuldade em encontrar um equilíbrio entre a sustentabilidade ambiental e a económica, uma vez que estas explorações representam muitos postos de trabalho. Além disso, têm um papel social importante, por exemplo na integração de trabalhadores portugueses vindos da Venezuela que laboram nas plantações de morangos.
Mostrou-se também preocupado com as constantes descargas de suiniculturas no Rio de Tornada, que “matam os peixes e se propagam para a baía de São Martinho e para o mar”.
“Não percebemos como é que, com tantas fiscalizações e acções de sensibilização e informação, ainda haja agentes económicos que não tenham o cuidado devido”, concluiu. I.V.