Bloco operatório do Hospital das Caldas tem dois novos ventiladores

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Joaquim Urbano, médico e presidente da Liga dos Amigos, e Carlos Sá, presidente do CHON, numa das salas de operações

O bloco operatório do Hospital das Caldas tem dois novos aparelhos de anestesia, com ventilador e monitor de sinais vitais, que substituíram outros que estavam considerados obsoletos há já cinco anos.
O Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON), extinto a 1 de Outubro, pagou um dos ventiladores e o outro foi oferecido pela Liga dos Amigos do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha. Cada um custou 39 mil euros e o CHON gastou ainda cerca de 30 mil euros em obras para a criação de circuitos separados entre “a área de limpos e de sujos”, explicou Carlos Sá, presidente do Centro Hospitalar. O objectivo foi diminuir o risco de infecções hospitalares “aumentando a segurança dos doentes”.
Carlos Sá sublinhou a ajuda que a Liga dos Amigos tem prestado ao hospital caldense pois, além das actividades de voluntariado, a liga tem feito várias ofertas ao Centro Hospitalar. Há cerca de um ano tinham oferecido uma viatura para a prestação do apoio domiciliário.Segundo o presidente da Liga, o também médico Joaquim Urbano, a instituição tem conseguido, através das suas actividades e dos donativos que recebe, angariar verbas para a aquisição de material necessário.
Os aparelhos adquiridos permitem ter um controlo dos sinais vitais dos doentes que estejam a ser operados e auxiliar a sua respiração durante a intervenção cirúrgica. Durante uma operação prolongada, o doente deixa de ter capacidade de respiração própria, devido à anestesia, e por isso necessita de ventilação.
Os novos ventiladores vêm substituir outros equipamentos que tinham já 13 anos de utilização. Mesmo assim o bloco ainda mantém outros dois aparelhos mais antigos. “São aparelhos que já têm avarias com muita frequência. Desde 2007 que eu tenho pedido insistentemente à administração para que substituísse os ventiladores”, referiu Dália Saramago, anestesista e responsável pelo bloco operatório.
Há um ano que a empresa fabricante tinha descontinuado o seu fabrico e é urgente também a substituição dos outros dois ventiladores mais antigos que continuam ao serviço do hospital. Os que foram retirados vão agora utilizados como peças de substituição. Carlos Sá adiantou que no próximo ano vão comprar mais um novo aparelho.
Dália Saramago referiu que nunca houve nenhuma cirurgia cancelada por causa de uma avaria nos ventiladores, até porque, como o bloco operatório do hospital de Peniche fechou, foram buscar o aparelho que era utilizado naquela unidade para terem um extra ao serviço. “Nunca houve qualquer risco para os doentes”, garantiu Dália Saramago, apesar de terem acontecido avarias durante algumas operações.
No entanto, houve actos operatórios que foram adiados. “Se eu tivesse dois ventiladores avariados ao mesmo tempo, tinha que fechar a sala de operações”, explicou a anestesista. “Com ventiladores novos temos outra segurança”, adiantou.

“Penso que este bloco está a ser muito desperdiçado”

Questionada pelos jornalistas durante a visita ao bloco operatório, a 25 de Setembro, Dália Saramago não quis comentar outras carências do serviço que coordena. “O Dr. Carlos Sá sabe todas as carências que nós temos e são muitas”, afirmou.
Segundo a anestesista, a aquisição destes novos equipamentos não irá aumentar o número de cirurgias neste hospital. Diariamente fazem, no mínimo sete a 10 cirurgias, chegando a fazer 15 intervenções num só dia.
O bloco tem quatro salas de operações. Durante a manhã uma das salas está afecta às urgências e de tarde passam a ser duas ao serviço dos casos urgentes.
As especialidades que utilizam o bloco operatório são Cirurgia Geral, Otorrino, Obstetrícia, Ortopedia e Dermatologia.
Sem adiantar as razões, Dália Samarago divulgou que durante a tarde não são realizadas cirurgias programadas. “Eu penso que este bloco está a ser muito desperdiçado. Poderíamos funcionar muito mais do que funcionámos até agora”, afirmou.
O presidente do CHON também não deu muitas explicações para esta situação, dizendo apenas que era “uma questão que tem de ser debatida no local próprio” e que o que é preciso é “reorganizar melhor o serviço”.
Durante a visita houve também quem se queixasse da temperatura alta que se fazia sentir no bloco operatório. “Desde o início que o ar condicionado não funciona a 100%. Com o decorrer dos anos a situação agravou-se”, revelou Joaquim Urbano.
Apesar dos médicos terem garantido que a administração sabia da situação, Carlos Sá mostrou-se surpreendido e afirmou que iria “saber o que se passa”.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

CHO ainda sem Conselho de Administração nomeado
O Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON) e  de Torres Vedras foram extintos no final de Setembro com a criação do Centro Hospital do Oeste a 1 de Outubro, mas os seus conselhos de administração mantêm-se em funções de gestão até que seja nomeada a nova equipa dirigente pelo Ministério da Saúde.
Até ao fecho desta edição o Ministério ainda não tinha comunicado qualquer nomeação. O presidente do CHON, Carlos Sá, não quis revelar se teria sido ou não contactado para fazer parte do novo Conselho de Administração.

P.A.