Jovens voluntários recuperam casas e promovem coesão social em Óbidos

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Gazeta das Caldas
A secretária de Estado, Ana Pinho, a cumprimentar uma das beneficiárias deste ano

A habitação implica sempre pessoas e é a partir de uma habitação digna que se alcançam os outros direitos sociais. Esta a mensagem que a secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho quis passar ao visitar, no passado dia 24 de Agosto, os projectos intervencionados pelos voluntários da Associação “Just a Change” no concelho de Óbidos. Este ano os 36 jovens recuperaram seis casas, que se juntam às 10 já intervencionadas nos dois anos anteriores, no âmbito de uma parceria existente entre a Câmara e “Just a Change”, uma associação que, com a ajuda de voluntários, reabilita casas de particulares em situação de pobreza habitacional.

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Os voluntários do “Just a Change” vão deixando a marca na comunidade à qual regressam para visitar os beneficiados

“Sem uma habitação condigna não tenho saúde, educação, nem emprego tenho. Precisamos de uma habitação digna para poder ter a base necessária para alcançar os outros direitos”, disse a secretária de Estado, Ana Pinho, durante a visita que fez às habitações que os voluntários da associação “Just a Change” estavam a recuperar no concelho de Óbidos. Trata-se do terceiro ano que a associação, composta por jovens universitários, intervém neste concelho, este ano com 36 voluntários que reabilitaram habitações de pessoas carenciadas no Olho Marinho, A-dos-Negros, Usseira, Bairro dos Arcos e dentro da vila de Óbidos.
Duante 11 dias (entre 15 e 26 de Agosto), os jovens arranjaram paredes, telhados, renovaram fachadas, pintaram e até fizeram casas de banho, possibilitando melhores condições de habitabilidade e qualidade de vida a agregados familiares com comprovada carência económica. A parceria envolve a Câmara, que comparticipa com uma verba de cerca de 12 mil euros, que são utilizados na aquisição dos materiais por parte da associação, o trabalho dos voluntários, e também as juntas de freguesia, que garantem o apoio logistíco e as refeições. Durante o periodo em que estiveram a trabalhar, os jovens ficaram instalados no Convento de S. Miguel, nas Gaeiras.
Também a governante teve uma experiência de voluntariado similar. Foi coordenadora, entre 2012 e 2014, da iniciativa “Terra Amada”, centrada na reabilitação e melhoria da qualidade de vida das populações em aldeias do interior de Portugal, e que serviu de inspiração para o actual director da “Just a Change”, António Bello, dinamizar esta associação.

“Os efeitos que se produzem, pelo facto de intervirmos junto das pessoas em grande proximidade, são multiplicadores e vão ficar por muito mais tempo do que a tinta da fachada das casas”, disse Ana Pinho, destacando que se trata de um projecto muito inclusivo.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, destacou que o programa Re-Habitar, além da dimensão fisica (arranjo das casas), também prevê o equilíbrio emocional das famílias apoiadas, através do acompanhamento por parte de psicólogos e outros terapeutas.
O autarca referiu que, além dos casos em que os técnicos da autarquia têm conhecimento e que apoiam, há outros, de pobreza envergonhada, a que é mais difícil chegar, e que são necessários instrumentos públicos capazes de responder a estas necessidades.
Com o objectivo de erradicar as situações de habitação indigna no país, que rondará as 26 mil famílias, o governo lançou recentemente o programa 1º direito. Trata-se de um instrumento para promover o apoio directo às famílias, bem como apoiar os municípios e entidades do terceiro sector para o desenvolvimento de soluções habitacionais para as famílias carenciadas.

 

Manter os beneficiários nas suas habitações

O edifício onde tinha funcionado uma extensão de saúde, na Amoreira, foi reabilitada em 2010 para acolher seis agregados familiares em situação de carência. O projecto, denominado Unidade Habitacional da Amoreira, seria o primeiro de três edifícios que a Câmara de Óbidos queria instalar no concelho para acolher 32 famílias carenciadas. O programa continuou, mas a estratégia foi alterada, com a autarquia a apostar antes no apoio às famílias nas suas próprias casas.
A unidade habitacional da Amoreira continua em pleno funcionamento, nela habitando cinco famílias. Já nos outros casos de carência habitacional, a Câmara tem apoiado, através dos programas sociais, nomeadamente o “re-habitar”, em que assegura a melhoria das instalações, nos últimos três anos em parceria com a associação “Just a Change”.
O vereador José Pereira recorda que desde 2016 foram recuperadas 16 habitações, numa média de cinco por cada ano, e que as intervenções têm-se repartido por todas as freguesias do concelho.
“Tem sido possível manter cada um dos beneficiários nos seus espaços próprios, criar condições dignas de habitabilidade, promover laços de partilha e integração com a família e comunidade”, conclui o vereador com o pelouro da acção social.