A administração do CHO reagiu à notícia da Gazeta das Caldas sobre os tempos elevados de espera pelas primeiras consultas de especialidade no Hospital das Caldas, dizendo que tal se deve à falta de médicos. Este ano já chegou uma nova especialista para o serviço de Oftalmologia (aquele que tem mais procura e tempos de espera superiores), e deverão chegar médicos também para os serviços de Cardiologia e Dermatologia, pelo menos. Os tempos de espera também se devem a uma procura elevada. No entanto, o CHO realça que aumentou, em 2017, o número de consultas efectuadas. Só nas Caldas foram perto de 72 mil no total de todas as especialidades, isto é, no hospital caldense realizaram-se nos dias úteis uma média de 288 consultas.
Numa resposta por e-mail, a administração do CHO explica que os atrasos na marcação de primeiras consultas de especialidade têm sido uma realidade constante e se devem “à falta de médicos” no centro hospitalar.
O CHO foi particularmente prejudicado por não terem sido abertos concursos públicos nacionais de colocação de especialistas hospitalares. Mesmo assim, no ano passado foi possível vincular três médicos em vagas previamente protocoladas ou através de mobilidade interna. Foram os casos de um gastrenterologista, de uma oftalmologista e de um psiquiatra, oriundos respectivamente dos centros hospitalares do Médio Tejo e Leiria-Pombal, e do Hospital de Santarém. A médica oftalmologista entrou ao serviço já em Janeiro deste ano. Mesmo assim, este número é “muito insuficiente”, comenta a administração.
Oftalmologia é a especialidade mais afectada pelas listas de espera para primeira consulta. No ano passado foi implementado um protocolo com o Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto para canalizar primeiras consultas para todos os doentes com capacidade de deslocação. No ano passado foram reencaminhados para aquele instituto 175 pacientes e já há mais 30 para seguir em breve.
O reforço das equipas médicas é outra via para aumentar a capacidade de resposta do hospital. Além da oftalmologista que já entrou este ano ao serviço, o CHO “está em vias de aumentar a prestação de serviços para maior oferta de consultas em Cardiologia e Dermatologia”, refere a administração.. Recorde-se que estas duas especialidades têm igualmente tempos de espera por primeira consulta elevados.
Enquanto não for possível contratar médicos para outras especialidades, “consideramos a possibilidade de cancelar o acesso a consultas via CTH [um sistema electrónico de referenciação dos pedidos de primeira consulta de especialidade hospitalar] para não criar falsas expectativas”, acrescenta. Neurologia é uma dessas especialidades.
A administração do CHO realça ainda que o funcionamento correcto das consultas de especialidade seria “desejável” para descongestionar o serviço de urgência.
Segundo dados fornecidos pelo CHO, no ano passado foram realizadas 143.120 consultas médicas naquele centro hospitalar, das quais 71.953 no Hospital das Caldas, onde foram realizadas mais 1.765 consultas que em 2016. “O número de consultas realizadas aumentou, mas também a procura, motivo pelo qual subiu também a lista de espera”, observa a administração do CHO. Voltando ao serviço de Oftalmologia, a mesma fonte refere que foram realizadas mais de 5000 consultas, mais 300 que no ano anterior e com apenas dois especialistas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Hospital das Caldas é o que tem um tempo médio mais elevado de espera para primeira consulta de Oftalmologia, acima dos 800 dias. Dermatolologia – Venerologia, Cardiologia e Imunoalergologia também têm tempo de espera muito acima dos máximos definidos pela tutela.