Mulheres ao Poder: A Dupla Jornada de Trabalho Feminina

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Gazeta das Caldas

Com a emancipação da mulher permitiu a luta pelos seus direitos, no que diz respeito à liberdade, igualdade de direitos, reconhecimento e aceitação no mercado de trabalho. Este fenómeno social teve um enorme impacto na sociedade, e no mundo do trabalho.
No entanto, trouxe um constrangimento que se prende com a dupla jornada de trabalho feminino, em que a mulher acumula diversas funções: maternidade, tarefas domésticas e a sua atividade profissional.
A mulher assume uma série de tarefas que a obriga a “dividir-se e ser quase que polivalente”, o que por vezes provoca um enorme desgaste, para que consiga cumprir as mesmas com sucesso.
Para colmatar estas dificuldades, que se colocam à mulher, é importante que esta possa recorrer ao seu núcleo familiar, funcionando como suporte, no que diz respeito à ajuda nas tarefas domésticas e no cuidar dos filhos, bem como à família alargada (avós, tios etc).
Por se tratar “duma tarefa árdua”, algumas mulheres resolvem dedicar-se à família deixando a sua atividade profissional, ou passam a trabalhar menos horas, em regime de part-time ou freelancer.
Fizeram-se alguns avanços no que diz respeito à maternidade e paternidade, nomeadamente no que diz respeito à licença parental, e licença parental partilhada. Ainda assim o ideal seria que este tipo de direitos, pudessem ser mais adequados, quer em termos de tempo e valor atribuído.
Segundo o relatório sobre igualdade entre mulheres e homens em 2015 da Comissão Europeia, a “dupla jornada” ainda é uma realidade para as mulheres que trabalham em todos os Estados-Membros da UE. Em 2015, as mulheres trabalhadoras assumiram três quartos das tarefas domésticas e dois terços dos cuidados parentais.
As mulheres estão mais presentes em setores com baixos salários e pagam um preço elevado pelo trabalho a tempo parcial, que é menos bem remunerado, por hora de trabalho, do que o trabalho a tempo inteiro, o que tem consequências sobre as pensões das mulheres e os riscos de pobreza. Com efeito, as pensões das mulheres são em 40% inferiores às dos homens, em média. Nem as disparidades de género nas pensões, nem as disparidades de género na remuneração mostram sinais de melhoria.

Embora o nível de representação feminina nos conselhos de administração das maiores empresas ainda permaneça pouco elevado (22%), a taxa de progresso voltou a aumentar desde 2010, graças a uma combinação de pressões políticas, intenso debate público e medidas legislativas.
Ainda assim, verifica-se cada vez mais um aumento do nº de mulheres em cargos de chefia, e em cargos políticos.

Patricia Oliveira
Assistente Social: Programa Contrato Local de Desenvolvimento Social
Mestre em Serviço Social com especialização em Bullying
Especializada em Aconselhamento Parental e Familiar e em intervenção com crianças e jovens em risco, pelo ISPA.