Olga Gonçalves
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Simultaneamente alerta e repto, o tema deste Dia Internacional da Mulher veicula uma oportuna dinâmica de exigência e esperança.
Se, numa primeira leitura, o que mais se destaca é o motivo principal da celebração do dia – a defesa dos direitos das mulheres – a reflexão sobre o mesmo conduz-nos a um horizonte mais amplo: a viabilização de um futuro para as novas gerações. A sustentabilidade só acontecerá mediante a ultrapassagem do antropocentrismo em que estamos mergulhados. Pelas características que lhe são inerentes, a Mulher está especialmente posicionada para esta transformação. (…)
Um novo estilo de vida não se impõe por decreto, não acontece espontaneamente, alicerça-se na mimetização de pequenos gestos e de sábias escolhas. A ação pedagógica da Mulher, enquanto cidadã, profissional, mãe e decisora, é fundamental para uma revolução cultural que nos coloque na senda do sustentável. (…) Por outro lado, instalada entre nós uma atmosfera de perplexidade e desalento, urgem redutos de confiança e de tenacidade. Também neste plano, a Mulher demonstra capacidade de reposicionar valores, fundear a esperança e imprimir um novo rumo ao curso dos dias. Se no perímetro estritamente familiar esta ação geralmente não encontra entraves, outro tanto não acontece, ainda, no âmbito profissional ou na esfera social e política, onde a Mulher é preterida para postos de decisão ou áreas de intervenção de grande impacto.(…)
É urgente não ceder à preguiça da perpetuação de um status quo em que apenas o que é próprio interessa ou se fica pela descomprometida defesa (virtual) da Terra.
Na medida em que atuarmos e formarmos no sentido da responsabilização, no horizonte de um dia-a-dia mais simples e numa visão de interesse global, estaremos a garantir que não se torne impossível a sobrevivência planetária.
Dia Internacional da Mulher será então muito mais do que apenas uma data…