A música clássica ecoa no Mosteiro

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O Requiem de Coimbra, pela Capella Sanctæ Crucis, no refeitório do Mosteiro de Alcobaça, foi mais um dos momentos altos desta edição do Cistermúsica

Na noite da passada sexta-feira, o concerto dos Capella Sanctæ Crucis, integrado na edição deste ano do festival Cistermúsica, atraiu cerca de 80 pessoas, sentadas em cadeiras em redor do palco, bem no centro do refeitório dos monges, no Mosteiro de Alcobaça.
Em silêncio, o público aguardava a entrada da banda. Começou a ouvir-se música, primeiro ao fundo, depois mais perto. Entraram oito músicos (sete homens e uma mulher) vestidos de preto e com capas pretas, a cantar e a tocar e dava-se, assim, início a um momento único.
O programa centrava-se na estreia moderna de uma Missa de Defuntos a 4 vozes (anónima, da primeira metade do século XVI e conservada na Biblioteca da Universidade de Coimbra), que foi associada a outras obras coimbrãs para os ofícios de defuntos.
A acústica da sala, com muito eco, foi aproveitada na plenitude pelos cantores, que exploraram a combinação entre as suas vozes e que, no final da atuação, foram ovacionados com uma longa salva de palmas, que durou cerca de três minutos e que os fez voltar ao palco para agradecer novamente.
À saída do mosteiro, Zhanna Vasyutina, que veio ao Cistermúsica com o marido pela terceira vez este ano, elogiou a atuação que acabara de assistir. “Adorei o concerto, as vozes dos cantores no refeitório ficavam lindas e gostei dos instrumentos, com muitos tubos de diferentes tamanhos”, exclamou esta ucraniana que há 20 anos escolheu Alcobaça para viver. “Todos os anos gostamos de vir a mais do que um concerto, é arte, é cultura”, concluiu.
Este foi um dos concertos que já estava previsto para a edição do ano passado, mas que teve que ser adiado devido à pandemia.
Entretanto, no próximo fim de semana haverá sete concertos do festival para apreciar, sendo um deles num museu em Coimbra, outro num jardim em São Pedro de Moel e ainda um outro na Lagoa do Arrimal, no concelho de Porto de Mós.
Amanhã, 16 de julho, realiza-se o concerto dos estágios de orquestra, na cerca do Mosteiro, às 18h00. No dia seguinte há um tributo a Piazzola, o concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa, também na cerca, e ainda o projeto Remember Jobim.
O Cistermúsica, criado em 1992, decorre até 1 de agosto, com 18 espetáculos ainda para ver (incluíndo dança).
Entretanto, já foi também inaugurada a exposição de fotografia de Sara Leonardo, referente à organização do festival de música de Alcobaça em 2020, em contexto de pandemia. A mostra fica patente até 30 de agosto na Adega dos Balseiros (Museu do Vinho). ■