Quando o Parque D. Carlos I se torna num palco para a Cultura

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Teatro da Rainha e a filarmónica de Santa Catarina atuaram no parque, provando que este é um bom espaço para acolher iniciativas

Entre os dias 6 e 10 de julho, o Teatro da Rainha apresentou a peça “Lázaro, também ele sonhava com o el dorado”. Encenada pela primeira vez por Fernando Mora Ramos em 1984, a primeira peça do dramaturgo francês Jean-Pierre Sarrazac, publicada em 1976, regressou aos palcos. Na época ressoavam as desventuras dos milhares que habitavam o bidonville como agora ressoam os que tentam chegar à Europa por um Mediterrâneo cercado de muralhas.
A peça, baseada no Lazarillo de Tormes, um clássico anónimo espanhol do século XVI, é uma parábola sobre a emigração.
“Todos os anos oferecemos à cidade um espetáculo de verão”, disse José Carlos Faria, encenador do Teatro da Rainha, recordando que, neste espetáculo ao ar livre estiveram 16 atores em palco, numa produção que teve o apoio da Câmara das Caldas e da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório.

“Lázaro” foi representado pelo Teatro da Rainha entre os dias 6 e 10 de julho

“Tivemos cinco representações, quatro das quais esgotadas”, disse o ator, acrescentando que só a segunda representação teve dois terços dos espetadores.
A bancada, instalada junto aos pavilhões, onde em tempos funcionou o Salão Ibéria, apenas pôde ter metade da lotação – 150 pessoas por sessão – e mesmo com condições atmosféricas adversas, o público não faltou ao espetáculo.
Na opinião de José Carlos Faria, o teatro deve ser “um catalisador da consciência crítica, para além do papel de divertimento que também deve ter”.
Além dos atores da companhia participaram elementos da Universidade Sénior e também de outras estruturas como do antigo Conjunto Cénico Caldense. Em palco deram vida a uma peça sobre a emigração, “uma tragédia quotidiana que, de repente, se constata diariamente…” “Há gente que desaparece, engolida pelas águas, enquanto tenta chegar à Europa, à procura de um mundo melhor”, rematou o ator.
Filarmónicas aos sábados

No passado fim de semana, o espaço verde da cidade acolheu eventos culturais da área do teatro e da música

No parque das bicicletas, no sábado, 10 de julho, a Banda Filarmónica de Santa Catarina iniciou o ciclo de Bandas no Parque, uma organização da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório. O palco, de 16 por 16 metros, garantiu o distanciamento entre os músicos naquele espaço ao ar livre. Atuaram 35 músicos – com idades entre os 11 e os 78 anos – e o repertório que apresentaram foi todo novo.
Entre os temas, a banda da Sociedade Filarmónica Catarinense estreou “Praias de Palma”, que foi oferecido pelo compositor Marco Lourenço ao grupo caldense.
A banda abriu as hostes ao som de “Hurricane 2000” dos Scorpions e prosseguiu a atuação interpretando temas contemporâneos que muito agradaram ao público presente.
As canções “No dia em que o rei fez anos” e o “Grande, grande Amor” ganharam novas tonalidades sonoras, assim como “Gimme, Gimme” dos Abba.
Houve, ainda, tempo para ouvir “She” de Charles Aznavour, uma versão de “We are the champions”, dos Queen, e, no final, uma canção mais descontraída o “Saca o saca-rolhas”, de Herman José.
À excepção do tema em estreia, as restantes canções contam com arranjos de Gonçalo Sousa, o maestro desta banda caldense.
“Foi a primeira vez que nos voltámos a juntar para atuar no pós-confinamento”, disse Luís Almeida, o presidente da banda explicando que a pandemia afastou os músicos. Este concerto ficou ainda marcado pela estreia dos novos músicos, Francisca e Tiago, nesta atuação no Parque.
No próximo sábado, 17 de julho, pelas 21h30, o ciclo de concertos das bandas vai prosseguir. Será a vez de atuar a banda da Sociedade Instrução Musical Cultura e Recreio de A-dos-Francos. ■