Autor de Peniche dedica-se à Língua Portuguesa

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“Almanaque de Língua Portuguesa” é como se designa o último livro de Marco Neves, autor e tradutor de Peniche. Gazeta das Caldas conversou com o escritor, que já publicou mais de uma dezena de obras, uma delas dedicada à suas terra natal.

O penichense Marco Neves é autor e tradutor, além de ser professor na Universidade Nova de Lisboa. Formou-se em Línguas e está a a terminar um Doutoramento em Estudos de Tradução. No seu último livro, intitulado “Almanaque da Língua Portuguesa”, usou o velho formato do almanaque “para oferecer ao leitor pistas úteis sobre o uso da língua e ainda muitas informações que nos dão uma nova visão sobre o português”.
Infelizmente, por causa do vírus, agora não pode ir às escolas de Lisboa e do Oeste por onde costuma ir para conversar sobre as suas obras.
À Gazeta das Caldas, Marco Neves contou que sempre teve uma grande paixão pelas línguas. Também sempre gostou muito de escrever.
“Como trabalho desde 2002 na área da tradução, passei anos e anos a escrever textos que não eram meus”, contou o autor que, a certo momento, sentiu necessidade de escrever textos de sua autoria. Foi, então, com alguma naturalidade que começou a escrever sobre línguas, em especial sobre o Português.
Publicou muitos dos seus textos no site Certaspalavras.pt (neste momento, reúne mais de 700 artigos) e, a certa altura, percebeu que “muitos leitores gostariam de ler os textos em papel”. Foi, então, que começou a procurar uma editora.
O tradutor publicou o primeiro livro em 2016, “Doze Segredos da Língua Portuguesa”, na Guerra e Paz. Nesse livro, olhou para a língua de Camões de forma um pouco diferente do habitual. Discutiu, por exemplo, a ideia de que a palavra “saudade” não tem tradução. Marco Neves partiu à procura do termo noutras línguas e “apontei para o galego, que tem muito mais que ver connosco do que pensamos”.
Na obra, escreve também sobre alguns erros falsos, ou seja, “expressões que algumas pessoas pensam que estão erradas, mas não estão…”, disse Marco Neves. O exemplo mais famoso, explicou, é o “queria ou quer” que ouvimos muitas vezes, “como se fazer um pedido com o imperfeito fosse um erro”.

Homenagear a terra natal

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O autor de Peniche já publicou 10 livros, nove deles na Guerra e Paz e um através da editora galega Através. Sete das suas obras estão relacionados com a língua lusa, incluindo uma pequena gramática (“Gramática para Todos”) e um ensaio sobre a relação entre o galego e o português. É também da autoria de Marco Neves um ensaio sobre José Cardoso Pires e um livro sobre tradução. Soma, ainda, um romance de aventuras centrado em Peniche e que se intitula “A Baleia que Engoliu Um Espanhol”. Segundo Marco Neves, esta obra também serviu para homenagear a sua região de nascença e ainda os avós que contam histórias aos netos. “É um livro que junta muitas lendas e histórias reais da nossa zona, com um toque de humor, para contar a história das nossas terras desde o Império Romano até hoje”, contou o escritor, acrescentando que foi com muito prazer que já foi às escolas de Peniche falar sobre este e os outros livros. “É bom voltar!”, referiu o autor que visita com frequência localidades oestinas. “Algumas das minhas primeiras recordações são de passeios nas Caldas da Rainha”, disse o tradutor, que acabou por ficar a viver em Lisboa desde os tempos de estudo.

Passar ao lado do medo

Marco Neves mantém uma coluna semanal no portal Sapo 24 e continua a escrever no site Certas Palavras, onde lhe vão surgindo muitas das ideias para os seus livros. Mantém também o trabalho de tradução e as aulas na universidade. Um dos seus próximos projectos passa por uma nova edição de “A Baleia que Engoliu Um Espanhol”, o seu livro passado em Peniche. Por agora, nestes dias, está em casa com os filhos e concentra-se em contar-lhes histórias, “para ver se os medos destes tempos lhes passam ao lado”, rematou o escritor.

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