Ceramista e manufactura caldense fazem projecto para Livraria Lello

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Gazeta das Caldas
Miguel Neto e Paula Violante são dois autores que estão a trabalhar na Braz Gil
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Amanhã, dia 13 de Janeiro, será inaugurada uma nova área na internacionalmente famosa Livraria Lello, no Porto. O ex-libris da Invicta está a celebrar o seu 112º aniversário e vai ter o seu tecto revestido com placas de porcelana que  estão a ser feitas no Estúdio da Braz Gil. O projecto é da autoria do ceramista Miguel Neto, numa interessante aliança entre a cerâmica de autor e a empresa caldense de manufactura especializada em porcelana.

Classificada como um ex-libris da Invicta e eleita como a terceira mais bela do mundo, a Livraria Lello no Porto vai passar a disponibilizar aos seus clientes um espaço na cave que terá o seu tecto revestido com mais de 300 placas de porcelana – com relevos – que serão translúcidas, dado que terão leds aplicados.
“As placas terão relevos orgânicos, inspirados em motivos que existem na livraria como, por exemplo, nos frescos da parede”, disse Miguel Neto, ceramista de Torres Novas que agora vive e trabalha nas Caldas.
A celebrar 25 anos de carreira, o ceramista não podia dizer não ao desafio proposto pela Lello. “Não conseguiria desenvolver o projecto sozinho, precisava do apoio da indústria”, disse o artista que está muito satisfeito e “totalmente empenhado” neste projecto. Miguel Neto conta também com a apoio da ceramista caldense Paula Violante na realização do projecto, iniciado há cerca de três meses.
“É um trabalho gigantesco… não tenho conhecimento do desenvolvimento de um trabalho desta natureza”, disse o autor, explicando que as placas vão ocupar uma área coberta de mais de 100 metros quadrados. Como tal, não teria conseguido desenvolver este projecto no seu atelier. Não seria possível. “Logo a começar pelo forno”, disse o autor, dado que as placas de porcelana para cozer têm que contar com mais temperatura do que os trabalhos em grés. As placas da Lello serão ainda enriquecidas com a decoração a ouro de alguns pormenores.
Miguel Neto tem 44 anos e Paula Violante tem 41. Ambos estão ligados a um projecto que decorre durante o Verão em Cerdeira, na Serra da Lousã. Aquela aldeia de xisto transforma-se num local de criação artística, através de residências artísticas internacionais, da realização de workshops de formação e de pequenas experiências criativas. Transforma-se pois num lugar para retiros criativos, de bem-estar, tirando-se partido da sua riqueza natural, do silêncio e de todas as infraestruturas da localidade que acolhem aprendizagens artísticas. Miguel e Paula ensinam a fazer cerâmica no festival “Elementos à Solta – Art meets Nature”, que reúne criadores contemporâneos de diferentes áreas e países e transforma a aldeia numa gigantesca galeria de arte ao ar livre.
Os dois ceramistas gostam de fazer parte desta iniciativa onde também prestam apoio técnico à realização dessas residências artísticas. “Mais tarde gostaríamos de disseminar o conceito e replicá-lo noutras terras”, disseram os autores que contaram como foi a experiência de construir e trabalhar em Cerdeira, num forno sem fumo. Miguel Neto gostava ainda de evoluir mais no contexto da cerâmica de autor “tirando proveito da tradição caldense”, disse preocupado com o desparecimento de tradições como o olaria de roda.

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