Crónicas de Bem Fazer e de Mal Dizer – CXXVII –

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UMA ESCOLA NAS CALDAS

Um dia destes mãos amigas e generosas, sabendo do meu interesse por livros antigos referentes às Caldas da Rainha, ofereceu-me um intitulado: “Catálogo dos Trabalhos Expostos no Museu Industrial e Comercial de Lisboa e Executados nas Escolas Industriais e de Desenho Industrial na Circunscrição do Sul no Ano Letivo de 1889-1890”. Este livro é da responsabilidade do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, e editado pela Imprensa Nacional, em 1891. À pergunta do meu amigo se teria interesse no mesmo, respondi logo que sim, pois algo me dizia que nele ia encontrar uma qualquer surpresa referente às Caldas. Assim pensado, assim feito. Logo na página 19, um capítulo dedicado à “História da Escola Industrial Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha”, que passo a transcrever tal e qual:
“Foi criada, por decreto de 3 de Janeiro de 1884, como escola de desenho industrial.
Foi inaugurada em 7 de Janeiro de 1885.
Foi transformada em escola industrial pela carta de 30 de Junho de 1887.
Ensinam-se as seguintes disciplinas:
Desenho elementar.
Desenho geométrico rigoroso.
Desenho de ornato.
Desenho de arquitetura.
Desenho de máquinas.
Desenho de figuras.
Aguarela.
Pintura cerâmica.
Modelação.
Aritmética e geometria elementar.
Química e cerâmica.
O ensino manual, criado por despacho de 11 de Dezembro de 1886, começou a 7 de Fevereiro de 1887; compreende hoje:
Cerâmica: modelação, trabalhos de roda e pintura.
Trabalhos em madeira.
Por contrato de 6 de Agosto de 1887 obrigou-se a Fabrica de Faianças das Caldas da Rainha a dar ensino prático de cerâmica até 150 alunos que lhe fossem apresentados pela escola, devendo esse ensino compreender os seguintes ofícios: louceiros, formistas, oleiros de roda, pintores, vidreiros e forneiros.
No atual ano letivo frequentam a escola 114 alunos, sendo 104 varões e 10 fêmeas. O número total de matrículas é 155, sendo 145 do sexo masculino e 10 feminino nas aulas e 16 do sexo masculino nas oficinas. Na fábrica das faianças há 37 aprendizes, sendo 27 do sexo masculino e 10 do feminino que frequentam as aulas da escola.
A escola está instalada parte em casa própria em terreno comprado pelo governo, parte em casa concedida pela câmara municipal, parte em uma galeria pertencente à fábrica de faianças.
A iluminação é por meio de petróleo.
O corpo docente compõe-se dos seguintes indivíduos: Adolfo Henrique da Cunha Ferraz, director da escola e professor de aritmética e geometria elementar.
Eduardo Gonçalves Neves, secretário e professor de desenho.
Hugo Richter, professor de desenho.
Emilio Possoz, professor de química.”
Por hoje ficamos por aqui. Mas para a semana continuaremos a folhear este livro que tantas informações nos proporciona.