Isabel Valadão falou nas Caldas da sua “homenagem à Loanda do século XVII e às mulheres que lá viveram”

0
697

notícias das CaldasLançado no passado mês de Maio, o livro “Loanda – Escravas, Donas e Senhoras”, de Isabel Valadão, conta já com uma segunda edição.
Numa iniciativa da livraria Bertrand, na tarde do passado sábado, 17 de Setembro, a autora deste romance histórico esteve nas Caldas da Rainha para apresentar o livro que já levou centenas de leitores à Angola do século XVII, aos tempos em que a então colónia era “o depósito dos degredados do reino”, o que deixou uma marca indelével na sua história.

Ao longo de 280 páginas, Isabel Valadão faz o que diz ser “uma homenagem à cidade de Luanda”, onde viveu durante mais de vinte anos, entre 1951 e 1975. “Enquanto vivi lá, deparei-me com muitos sinais dos tempos remotos, e como historiadora que sou, gosto de saber mais sobre a origem das cosas”, explicou a autora no Jardim D’Arte, perante uma plateia de pouco mais de um dezena de pessoas.
Através de intensa pesquisa, Isabel Valadão conseguiu uma descrição verdadeira da cidade como ela era na altura, quando Angola era “uma terra maldita, onde todos os europeus que chegavam, se não morressem das doenças, viviam com as mazelas destas”. Tempos em que praticamente não havia mulheres brancas na sociedade luandense, e em que duas mulheres se destacaram – Maria Ortega e Anna de São Miguel. A primeira, uma escrava liberta que a prática da feitiçaria acabaria por empurrar ao degredo para Angola. A segunda, filha do capitão-mor da fortaleza de Cambambe, era uma das mais ricas proprietárias de terras da zona.
Isabel Valadão admite que “talvez a escrava e a dona nunca se tivessem encontrado”, mas é em redor destas duas mulheres que compõe a história daquele que é um dos poucos livros a falar da Angola do século XVII. Uma história ficcionada, em torno de “duas mulheres muito fortes, praticamente as únicas num mundo só de homens”, salienta a autora, que diz que “Loanda – Escravas, Donas e Senhoras” é “o livro que gostaria de ler”.
Na tarde de sábado a apresentação do livro esteve ainda a cargo de Cristina Ramos Horta, amiga da autora, que considerou ser “difícil não ler este livro de uma ponta à outra e sempre em suspense”.
Para a investigadora, “não há nehuma obra de pesquisa histórica que nos dê a realidade do dia-a-dia, das vivências, dos afectos, como nos dá o romance histórico”. E a opção de Isabel Valadão por este género literário permite que a história assente em “personagens vivas, que ela foi buscar à história” e numa “construção que nos puxa para dentro da história” e nos faz viajar por “um local mágico”.