Óbidos quer criar festival literário internacional em 2015

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FotoResponsaveisÓbidos quer criar um festival literário internacional com  a primeira edição a decorrer já no próximo ano. O projecto deverá estar feito até finais do mês para depois ser candidatado a apoios comunitários.
A vereadora da cultura da Câmara de Óbidos, Celeste Afonso, e o livreiro e responsável pela Sociedade Vila Literária, José Pinho, estiveram, entre os dias 30 de Julho e 4 de Agosto, em Paraty (Brasil) para conhecer a organização e “viver” a Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP (considerado o maior festival de literatura do mundo).
Um festival literário com a duração de um ou dois fins-de-semana e com a mesma qualidade do evento brasileiro, mas com um orçamento ajustado à realidade portuguesa. Este o projecto de Óbidos, que irá ser definido até finais de Agosto, para depois ser candidatado a fundos comunitários.
De acordo com José Pinho, o evento obidense deverá ter uma componente internacional e uma das ideias será trazer à vila, sempre que possível, o prémio Nobel do ano anterior, bem como autores estrangeiros bastante lidos pelos portugueses. O festival não se irá resumir a lançamentos de livros e conversa com autores, mas sim à realização de uma festa, onde haja música, cinema e artes performativas a funcionar em simultâneo.
À semelhança do que acontece em Paraty, o objectivo é que os autores abordem temas do quotidiano e que se tornem próximos do público.
“Terá que haver uma preocupação muito grande com a primeira edição pois queremos que Óbidos também se afirme pela qualidade, dimensão e impacto do festival”, referiu José Pinho à Gazeta das Caldas. Dos contactos preliminares que tem feito, percebeu que “há muita apetência dos escritores portugueses em participar numa iniciativa destas”. Já houve, inclusive, uma visita de embaixadores da América Latina a Óbidos, com intenção de os envolver neste projecto e trazer alguns dos seus autores.
José Pinho quer também contar com o envolvimento da população, empresas e comércio local, tal como acontece em Paraty, em que, por exemplo, 95% dos quartos já estão reservados para o FLIP do próximo ano.
A vereadora Celeste Afonso destaca que a realização do evento faz parte da estratégia do município e contribuirá para a afirmação da Vila Literária, actualmente a funcionar com uma rede de livrarias em Óbidos.
O contacto com a autarquia de Paraty surgiu por parte da Câmara de Óbidos e, depois de um primeiro contacto com o prefeito (presidente da Câmara brasileiro), foram encaminhados para Cristina Maseda, com funções correspondentes à de vereadora da Cultura, mas que até há três meses tinha sido a directora da Casa Azul, entidade que organiza o FLIP. “Foi excelente porque assim obtivemos informações dos dois lados”, contou Celeste Afonso, acrescentando que o trabalho de partilha com a cidade brasileira é para continuar.
José Pinho lembrou ainda que desde que foi criado, em 2011, o projecto “Óbidos Vila Literária” tem por base duas componentes distintas: a existência de várias livrarias e a realização de festivais literários.
“O que quisemos sempre foi beber alguma inspiração no que de melhor se fazia neste domínio na Europa e no mundo”, diz o livreiro, destacando os exemplos de Hay on Wye (Reino Unido), que possui mais de 30 livrarias, e o festival de Paraty (Brasil), que este ano reuniu mais de 27 mil pessoas em volta do livro.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt