Exposição biográfica dá a conhecer Salgueiro Maia no Museu do Ciclismo

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Notícias das CaldasA vida e percurso militar do capitão de Abril, Salgueiro Maia (1944-1992), está em exposição no Museu do Ciclismo caldense. Bandeiras, fotografias, documentos e fardas, são alguns dos objectos do espólio que agora pertence à Câmara de Castelo de Vide (de onde Salgueiro Maia era natural) e que saem da terra pela terceira vez, depois de terem passado por Cáceres (Espanha) e Lisboa.

“Homem puro e de grande carácter”. Foi desta forma que Mário Lino caracterizou Salgueiro Maia, destacando que terão sido as águas “claras, translúcidas e frescas” que brotam das terras de Castelo de Vide que contribuíram para a formação de carácter e clareza nas decisões que aquele militar assumiu.
Na cerimónia de inauguração da exposição, o responsável pelo Museu do Ciclismo, destacou que o “capitão sem medo”, como ficou depois conhecido, participou na revolução do 25 de Abril de 1974 por “convicção, com independência, firmeza e grande serenidade”. Nos documentos expostos é possível encontrar alguns episódios do arranque do 25 Abril e dos esquadrões de Cavalaria de Santarém.

O evento contou com a presença do coronel Rocha Neves, que foi amigo de Salgueiro Maia, tendo ingressado na Academia Militar um ano depois dele. “Era um homem com carácter, deu de si à Pátria e deu-o com dignidade”, disse Rocha Neves, recordando que este ficou celebrizado como um marco histórico da revolução.
O coronel lembra a coragem do então capitão que na madrugada de 25 de Abril se dirigiu aos 240 militares da Escola Prática de Cavalaria e os comandou, de Santarém até ao Terreiro do Paço, para ajudar a derrubar o regime. Com o passar do tempo, Rocha Neves foi percebendo que o seu amigo foi “ostracizado, tendo sido muitas vezes ligado à esquerda”, e num dos seus últimos encontros viu um “homem abatido, acabrunhado, mas sempre frontal”, recordou.
Referindo-se à exposição, Rocha Neves destacou que são estas “pequenas grandes coisas” que estão a colocar Salgueiro Maia no lugar onde sempre devia ter estado. O coronel, que participou no 16 de Março de 1974, disse ainda que as pessoas não se devem envergonhar da sua história. “O passado é passado e não resolve o futuro, mas é importante que não se deite fora”, realçou.
Natural de Castelo de Vide, Salgueiro Maia deixou à autarquia local todo o seu acervo pessoal, para quem um dia, “se o país o entender, se faça um museu”, disse o vice-presidente da Câmara de Castelo de Vide, António Pita, recordando a sua carta testamentária. A autarquia já lançou o desafio para a concretização da obra aos vários governos, pois entende que Salgueiro Maia é uma figura nacional e o seu museu deve integrar a rede portuguesa de museus.
“Passados tantos governos ainda não foi entendido esse desígnio nacional”, disse António Pita, acrescentando que a terra natal já possui o Parque 25 de Abril, com o busto de Salgueiro Maia e anseia por este espaço que permita ter exposto o espólio doado.
O vereador caldense, Tinta Ferreira, destacou a oportunidade de ter, nesta altura, uma exposição sobre Salgueiro Maia, “uma figura importante para a nossa liberdade”, assim como a parceria cultural com Castelo de Vide.
O autarca deixou ainda uma nota ao empenho de Mário Lino, que tem estabelecido “pontes” com várias comunidades e que “muito tem contribuído para o enriquecimento cultural das Caldas”.
A exposição pode ser vista até 7 de Abril.

Mário Lino lança “Pedaços das Caldas para lá do Guadiana”

O livro “Pedaços das Caldas para lá do Guadiana”, da autoria de Mário Lino, será apresentado no próximo dia 6 de Abril no salão nobre da Câmara das Caldas. A mais recente obra do autor do projecto “Caldas –Badajoz” em cicloturismo, dá a conhecer as ruas com o topónimo Caldas da Rainha em Espanha, assim como os atractivos das localidades espanholas que as integram. “Dar a conhecer os laços afectivos e culturais que nos aproximam de Vila Nueva del Fresno, Oliva de la Frontera, Badajoz, La Codosera e Olivença, testemunha de uma parte da história de Portugal, onde a influência portuguesa ainda hoje se faz notar é um dos nossos objectivos”, refere o autor na introdução da obra.
Mário Lino lembra que foi através da passagem do cicloturismo que promoveram as Caldas além fronteiras, onde deixaram topónimos e, em troca, passaram a receber regularmente “inúmeros espanhóis” oriundos da região da extremadura.

μ