Amaro da Silva fotografado na sua empresa com uma págia que guarda da Gazeta das Caldas

Começou no Palmelense já depois dos 20 anos, mas isso não o impediu de chegar ao Sporting, depois de ter chamado a atenção do mítico Peyroteo. No clube de Alvalade foi campeão ao lado de quatro dos Cinco Violinos. No Caldas, Amaro foi capitão e uma das estrelas na ascensão e nos tempos áureos da 1ª Divisão nacional. Acabaria por fixar-se na cidade como industrial do frio

A história da ligação de Amaro da Silva com o Caldas e as Caldas da Rainha começou em 1953 e ainda está para durar.
Quando preparava a temporada de 1953/54 para disputar a 2ª Divisão Nacional, a pensar já claramente na tentativa de levar o clube à categoria principal do futebol português, Artur Capristano viu na União de Montemor um campeão nacional pelo Sporting que assentava que nem uma luva na ambição que tinha para a equipa.
Era Amaro da Silva, jogador que teve papel activo na campanha do Sporting campeão em 1951/52 e que viria a afirmar-se como uma das pedras basilares do Caldas, quer na subida à 1ª Divisão na temporada de 1954/55, como depois nas prestações da equipa entre os “grandes” do futebol português.
Formado como médio atacante, como jogou no Palmelense, o seu primeiro clube, e depois nas reservas do Sporting, Amaro da Silva foi um exemplo de uma adaptação a defesa-lateral que correu muito bem.
Jogador de boa compleição física, era um lateral generoso, que se notabilizava pela forma como subia no terreno com a bola controlada para, depois, servir os seus companheiros do ataque.
Amaro completou 62 jogos pelo Caldas na 1ª Divisão, onde foi o terceiro jogador mais utilizado e envergou a braçadeira de capitão. Na 1ª Divisão não chegou a apontar qualquer golo.
Após a descida dos caldenses à 2ª Divisão nacional, Amaro da Silva ficou mais uma temporada no Caldas, na qual voltou a alinhar em alguns jogo na sua posição de origem, a meio campo.
No final da temporada de 1959/60 terminou a ligação com o Caldas, rumando ao Mirense para alinhar como treinador/ jogador, o que era bastante comum nessa altura. Em Mira de Aire permaneceu por três temporadas.
Quando saiu do Mirense, tirou o curso de treinador, ainda orientou o Marrazes e teve uma curta passagem pelo Caldas, onde foi também, mais tarde, dirigente. Acabou, depois, por se retirar do futebol para se dedicar à actividade da empresa.

UM DEFESA QUE TAMBÉM É ESPECIALISTA DOS FRIOS

Aquelas sete temporadas ao serviço do Caldas, enquanto jogador, foram suficientes para Amaro criar uma ligação forte com as Caldas da Rainha.
Quando chegou ao clube, não foi só com o projecto de futebolista que Artur Capristano o convenceu.
Amaro da Silva era um perito em frio. Quando chegou ao Sporting, trabalhava na empresa Glacial, que laborava em câmaras frigoríficas. E quando Artur Capristano o abordou em Montemor-o-novo, além da ambição de colocar o Caldas na 1ª Divisão, convenceu Amaro da Silva, então com 27 anos, com a oportunidade de trabalho, uma vez que não havia muitos especialistas em frio nas Caldas, naquela época.
De resto, Amaro da Silva considera o antigo presidente do Caldas como um verdadeiro amigo e um segundo pai.
Amaro da Silva acabou por se estabelecer e criar a empresa que tem o seu nome e que hoje se mantém em plena actividade, com a gestão das suas filhas. O antigo craque do Caldas continua a frequentar diariamente a empresa.
A caminho dos 95 anos, que comemora em Outubro, Amaro da Silva é o único jogador dos plantéis alvinegros que disputaram a 1ª Divisão ainda vivo.
Apesar de já não se deslocar com regularidade ao Campo da Mata, continua a acompanhar a realidade do clube e a procurar os resultados no jornal de segunda-feira.

Jogou e foi campeão nacional no melhor Sporting de sempre

Amaro com a camisola do Sporting, na época em que se sagrou campeão nacional

Amaro da Silva nasceu na Amadora a 6 de Outubro de 1925.
Começou a jogar futebol federado no Palmelense, já sénior, e chegou ao Sporting aos 24, na temporada de 1949/50, e logo pela mão de Peyroteo, um dos Cinco Violinos que brilhavam então no clube de Alvaladem a par de Jesus Correia, Vasques, Travassos e Albano.
Nas duas primeiras épocas de leão ao peito, Amaro alinhou pelas reservas, utilizado como médio ofensivo. Foi só à terceira temporada no clube de Alvalade que Amaro chegou à primeira equipa, mas a oportunidade para se estrear a titular só surgiria na segunda volta.
Numa equipa com várias mexidas no sector recuado após um empate caseiro com o Belenenses, Amaro teve a sua oportunidade em Coimbra, à 15ª ronda.
O resultado voltou a ser um empate, a três golos, mas o jogo correu bem a Amaro, que agarrou a titularidade e não mais a largou até ao fim de um campeonato em que o Sporting se sagrou campeão nacional com um ponto de vantagem sobre o Benfica. Foi o segundo título dos leões do único tetra do clube de Alvalade, numa altura em que teve a hegemonia do futebol português, com sete títulos em oito temporadas.
No resto dessa temporada só falhou a final da Taça de Portugal, que os leões perderam para o Benfica.
A relação de Amaro com os Cinco Violinos não se cingiu ao interior do rectângulo de jogo. Na altura, ser jogador de clube grande não garantia um futuro. Quando chegou ao Sporting, Amaro foi trabalhar para a empresa de Travassos e Vasques, para ter mais acesso aos treinos dos leões.
No final daquela temporada de 1951/52, Amaro da Silva acabaria por sair do Sporting para jogar na União de Montemor, da 2ª Divisão.