Uma alimentação vegan inspirada

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Gazeta das Caldas

veganA propósito do dia mundial da alimentação, celebrado na passada sexta-feira, 16 de Outubro, Gazeta das Caldas falou com Gina Filipe, a cara do projecto Alimentação Inspirada. Se, por um lado, cada vez mais restaurantes servem refeições vegan, ainda são muitas as pessoas que olham para os pratos vegans e franzem o nariz: “Não têm sabor”, “São só legumes”, dizem entredentes. Há dois anos Gina Filipe criou um projecto que viria a temperar muitas destas ideias, provando que os vegans também comem com sabor.

Quando as solicitações para partilhar as suas receitas começaram a aumentar, Gina Filipe decidiu dar início aos workshops “Alimentação Inspirada”, nome que o projecto acabou por adoptar. É que além dos workshops, Gina também disponibiliza serviços de catering e show cookings (cozinhar ao vivo).
A base desta alimentação são os vegetais, frutas, leguminosas, ervas aromáticas, frutos secos e sementes, sendo que os alimentos podem ser preparados de duas formas: cozinhados ou “raw” (vivo). A “alimentação viva” significa que a refeição foi elaborada sem calor, existindo a possibilidade de alguns pratos serem aquecidos até 45 graus, “temperatura que os alimentos suportam antes de começarem a perder propriedades”, esclarece Gina Filipe.
No cesto dos alimentos da “Alimentação Inspirada” encontram-se produtos integrais, que não passaram por processos de refinamento na indústria, mantendo assim as suas qualidades nutricionais. Cozinhar com baixo teor de sal e gordura, sem açúcar, glúten, conservantes e corantes, mas com “muito sabor, amor e inspiração” são outros dos princípios do projecto.
Até ao momento, os batidos, os sumos verdes ou os doces de natal vegan foram algumas das temáticas dos workshops, que têm um custo médio de trinta euros, com direito a um manual.
O próximo já tem data marcada para o dia 21 de Novembro, onde os participantes aprenderão a confeccionar receitas práticas para o dia-a-dia. “Os workshops têm sido bem recebidos e normalmente quem vai são pessoas que estão a começar a diversificar a sua alimentação”, conta a caldense, que acredita que ”o veganismo esteja em rápido crescimento, pela quantidade de livros e artigos que têm aparecido sobre este tema”.

Prevenir o cancro

As pesquisas sobre uma alimentação mais saudável começaram quando ao pai de Gina Filipe foi diagnosticado com cancro nos intestinos. “Procurei possíveis curas para o cancro e encontrei relatos de pacientes que conseguiram sobreviver com mudanças de hábitos na alimentação”, contou.
A responsável da “Alimentação Inspirada” garante que existem clínicas como a Gerson, no México e na Hungria, que adoptam terapias baseadas na alimentação. “Porque deixamos a nutrição de fora? Tal como dizia o pai da medicina, Hipócrates, ‘que o teu alimento seja o teu medicamento’”, comenta Gina Filipe.
O centro desta questão coloca frente a frente os alimentos que acidificam o corpo – na sua maioria, de origem animal – e os que, por oposição, o tornam mais alcalino (de origem vegetal). No combate ao aparecimento de vírus e doenças crónicas vencem os “alimentos alcalinos”, pois tornam o “sistema imunitário mais forte”, explica Gina Filipe.
Foi precisamente a pensar no impacto que a alimentação pode ter na vida de doentes oncológicos que Gina Filipe se juntou ao Olha-te, a associação caldense que apoia doentes com cancro e respectivos familiares. Actualmente, Gina é terapeuta holística e desenvolve aconselhamento alimentar, inclusive no domicílio dos utentes. Em breve, pensa retomar a “Sexta-Feira Vegan”, uma iniciativa que visa a comercialização de refeições vegan por encomenda ou serviço de take-away neste dia da semana.