Caldense dá aulas de figurinos na escola do Chapitô

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    A designer de moda, que trabalha com grupos de teatro, mantém-se ligada a projectos solidários nas Caldas, além de frequentar o mestrado em Designer Gráfico na ESAD | D.R.

    A designer de moda caldense, Rita Olivença, ensina na Escola do Chapitô, trabalha com grupos de teatro e ainda tem tempo para fazer parte de projectos solidários na sua terra natal para onde regressou em nome da qualidade de vida

    Já em menina, Rita Olivença fazia as roupas das bonecas. “Sempre soube que a minha vida profissional ia passar pelo vestuário, pelo design e pela criação”, contou a designer de moda à Gazeta das Caldas.
    A caldense conta também que a forma como nos vestimos “diz muito de nós, expressa o que sentimos e quem somos”. Segundo a designer, este quem somos, “não é individual, mas sim de uma sociedade”. E explicou que quando se desenha um figurino, é necessário “saber quem estamos a caracterizar, como vive, o que sente, o que quer mostrar ou não”. A autora, de 37 anos, entrou na Faculdade de Arquitectura em 2000 para estudar Design de Moda. Quando chegou o estágio, rumou a Barcelona, cidade que adorou e onde estagiou durante dois anos num atelier de moda, onde aprendeu “a trabalhar todo o processo, desde o desenho, à modelagem, costura, e embalagem”, disse.
    Já desde os tempos da faculdade que trabalha com grupos de teatro. Com duas amigas, integrou a equipa da Inimpetus que é, actualmente, uma escola de actores, mas na época, era ainda uma companhia de teatro amador que procurava uma figurinista. “Ganharam três miúdas muito empenhadas em ver ensaios, em trabalhar, em conhecer!”, relembra a caldense, que não vai esquecer que o primeiro espectáculo daquele grupo foi “La Ronde” de Arthur Schnitzler. Actualmente Rita Olivença trabalha com a Companhia da Esquina, em Lisboa, com quem já trabalhou em vários espectáculos, apresentados no Castelo de São Jorge como o “Almenara”, “Pinóquio” e mais recentemente o “José, o menino do suspiro” no Teatro Villaret.

    CHAPITÔ, ESCOLA DE VIDA, ENTREGA E ACÇÃO

     

    Actualmente, a designer é docente na EPAOE – Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espectáculo. Conta que a escola de circo do Chapitô ministra o curso de Interpretação e Animação Circense, onde aprendem técnicas circenses, como trapézio, lira ou malabares. No de Cenografia, Figurinos e Adereços, trabalha-se a área plástica do espectáculo, não apenas circo, mas de forma mais aberta, “porque o mercado de trabalho também não permite tal especialização”.
    Rita Olivença diz que esta “é uma escola de vida, de entrega e de acção”.
    Em 2001, a caldense criou nas Caldas a Associação DAR – Design Advanced Resources, com André Rocha e Sofia Martins, com o objectivo de promover o acesso a ferramentas de design. O projecto mais importante foi o FABLAB Caldas da Rainha, um espaço direccionado para makers e aberto a toda a comunidade. “Não tinha o propósito de ser lucrativo, e sem apoios consistentes com sua actividade, ambos fecharam portas em 2018”, contou Rita Olivença acrescentando que tendo em conta o contexto da pandemia, “pode ser que os municípios comecem a valorizar mais esta acção comunitária”. E para já não baixa os braços e direcciona a sua energia para acções semelhantes, agora no contexto profissional.
    E, apesar de um quotidiano profissional intenso, Rita Olivença ainda arranjou tempo para ser parte activa na produção de máscaras de protecção, a convite da União de Freguesias de Nossa Senhora Pópulo, Coto e S. Gregório. É a responsável pela feitura dos kits com os materiais que são depois distribuídos às muitas costureiras voluntárias que se encontram a colaborar nesta iniciativa solidária. Mesmo com falta de tempo, “com umas noitadas tudo se faz”.
    Quando regressou do estágio no país vizinho, Rita Olivença trabalhou muito em guarda-roupa de publicidade e num atelier de design. Com o nascimento do primeiro filho, decidiu mudar, acalmar e veio viver para o concelho das Caldas. “Trabalhando em Lisboa, ando sempre a correr, mas ao fim do dia volto para a paz”, rematou a designer.