DAS CALDAS AO OESTE – Diversificar a base económica

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no_web_summit_caldasEnquanto escrevo esta crónica, está a começar no Parque das Nações em Lisboa o muito badalado “Web Summit”, um das mais importantes eventos mundiais de tecnologia e empreendedorismo, para o qual se esperam 53 000 pessoas, na sua grande maioria jovens qualificados. Portugal, que apresenta níveis de empreendedorismo bastante elevados face à média europeia, está de parabéns pela realização deste evento à escala mundial. Os jovens portugueses estão entre os cidadãos da União Europeia que revelam mais iniciativa, quer arriscando na criação dos seus projetos, quer procurando oportunidades noutros mercados. Em 2015, um estudo da Organização Internacional do Trabalho registou que 40% dos jovens portugueses inquiridos admitiam a possibilidade de emigrar. Aliás, desde 2008 que mais de 100 mil jovens qualificados emigram todos os anos, estimando-se que perdemos mais de meio milhão só nesta última década. Os dados estatísticos mostram também que se criam 3,48 novas empresas por cada uma que acaba em Portugal. Por outro lado, a taxa de mortalidade das PME’s é efectivamente muito elevada, o que não deixa de ser um dado muito preocupante.
Há que reconhecer e valorizar esta dinâmica de criação de novas empresas por jovens qualificados em Portugal, muitas delas conotadas com o jargão anglo-saxónico de “startup’s”. O actual governo nacional, muitas vezes apelidado depreciativamente de “geringonça”, está na verdade politicamente empenhado na valorização das empresas jovens e qualificadas, nomeadamente através do apoio à criação e desenvolvimento de uma Rede Nacional de Incubadoras de empresas e de uma Rede Nacional de Laboratórios de Produção (FabLabs).
Nas Caldas da Rainha, cidade e concelho onde vivo e trabalho, há um capital humano muito qualificado nas áreas da criatividade e do design, formado pelos estudantes, licenciados e mestres da ESAD_CR (Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha). Mas será que as políticas urbanas municipais proporcionam um ambiente de acolhimento local que permita o florescimento deste capital humano em criatividade empresarial sustentável? Se olharmos para os últimos projectos e políticas falhadas da actual maioria PSD instalada na Câmara e Assembleia Municipal, a resposta é obviamente negativa. Basta pensar no triste exemplo do chamado “Parque tecnológico das Caldas”, uma urbanização concebida e promovida pela Câmara Municipal com um financiamento público europeu integrado no programa ‘Mais Centro’ no valor de 554 179,26 euros. O objectivo era fixar empresas de base tecnológica mas, passados seis anos, esta urbanização está inacabada, sem passeios nem arruamentos, num estado de abandono e degradação ambiental que todos os caldenses podem presenciar. Não se encontra uma única empresa tecnológica instalada. Há apenas cascalho, pedras, areia e erva que cresce por todo o lado, alimentando ratos, pulgas e baratas. Por ironia do destino, este crime urbanístico e ambiental ficou implantado imediatamente após a delegação da Agência Portuguesa do Ambiente. Pago com o dinheiro de todos os Caldenses, sem soluções políticas à vista e com elevados custos ambientais e humanos. Maus exemplos como este são uma autêntica pedra no sapato da desejável diversificação da base económica das Caldas da Rainha que, com esta maioria instalada, não anda efectivamente para a frente!