Oeste tem 439 milhões de euros para pequenos investidores

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Notícias das Caldas
Empresários e técnicos de organizações ligadas aos fundos comunitários falaram sobre apoios ao pequeno investimento | J.R.

O quadro comunitário Portugal 2020 disponibiliza 439 milhões de euros para o Oeste, ao abrigo dos programas de desenvolvimento local de base comunitária. Estes fundos são destinados a pequenos investimentos, entre os 10 mil e os 200 mil euros. No próximo dia 14 de Abril abrem novas candidaturas.

A 14 de Abril abrem novas candidaturas a fundos comunitários através do Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego (Si2E). Estes programas têm como finalidade a dinamização das economias locais e a criação de emprego. Estes fundos permitem criar o próprio posto de trabalho e também redimensionar negócios existentes.
Os projectos “têm que responder ao requisito de baixar a taxa de desemprego”, explicou José Coutinho, técnico da Leaderoeste, na sessão de sensibilização e informação sobre os apoios do Programa de Desenvolvimento Rural 2020 para pequenos investimentos, que teve lugar no passado dia 28 de Março, na OesteCIM.

Estes apoios incentivam também à aquisição de equipamentos, desde que respondam ao pressuposto de gerarem emprego. Prevêem ainda a criação de viveiros de microempresas.
O envelope financeiro para estes projectos – que podem ir dos 10 mil euros aos 200 mil euros – é disponibilizado ao abrigo do programa de desenvolvimento local de base comunitária (DLBC), num total de 439 milhões de euros.
Os projectos até 100 mil euros de investimento são encaminhados pela Leaderoeste, e os que se situam entre os 100 mil e os 200 mil euros são acompanhados pela OesteCIM.
José Coutinho aconselhou os interessados em submeter candidaturas a pensar e preparar muito bem os projectos, bem como a sua capacidade para investir sem apoio. Depois disso, sim, é que se devem enquadrar os subsídios.
O que também é fundamental é o cuidado com os estudos de viabilidade financeira (se forem negativos os projectos são reprovados) e a autonomia financeira (que não pode ser inferior a 20%).
No sentido inverso, investimentos que valorizem a eficiência ambiental e energética têm mais hipóteses de obter financiamentos, sobretudo se esta vertente for “acentuada”, realçou. Também é valorizada a utilização de materiais locais e o cuidado com a separação das águas sanitárias.

APROXIMAR PRODUTOR E CONSUMIDOR

O DLBC é direcionado a três pilares: o rural, o costeiro e o urbano. No pilar rural são alvo pequenos investimentos agrícolas, a diversificação da actividade de exploração e o estabelecimento de cadeias curtas, ou seja, a venda directa do produtor ao consumidor. “Cortar a intermediação é uma mais-valia porque os agricultores têm hoje uma margem muito reduzida e recebem menos de metade do valor da venda”, explicou José Coutinho. O programa rural também pretende reforçar as fileiras estratégicas, como é o caso da Pêra Rocha.
Ainda no campo da ruralidade, abrem-se candidaturas a projectos de criação de empresas ou emprego ligados às questões do património.
No pilar costeiro privilegia-se a inovação no espaço marítimo, a qualificação da mão-de-obra, a promoção das actividades ligadas ao mar e a alteração do ramo por parte das empresas. Por exemplo, uma empresa de pesca que se queira converter para o turismo ligado ao mar.

DOIS TESTEMUNHOS

Após a explicação dos pacotes de apoios que estão em cima da mesa para os pequenos investidores, foi dada a palavra aos representantes de duas empresas que iniciaram o seu negócio através de apoios comunitários.
Diogo Maurício, administrador geral da Frutaformas, falou da importância de direcionar bem os meios financeiros disponibilizados. Esta empresa, que se especializou em reaproveitar a fruta desperdiçada pelas centrais fruteiras para criar snacks saudáveis, utilizou as verbas para adquirir equipamento de produção, inovar e promover um produto que não era conhecido a nível nacional.
Na altura, não deixou de ser uma “empresa de vão de escada”, observou Diogo Maurício. Só mais tarde mudou de instalações, quando precisou de responder à necessidade de aumento da capacidade de produção. “Se tivéssemos feito logo as instalações, os 200 mil euros do projecto não tinham dado para fazer tanta coisa”, acrescentou.
A empresa, que não tem parado de crescer, já voltou a concorrer a fundos comunitários para promoção internacional.
A quem pretende aventurar-se com negócios próprios, aconselhou a uma constante avaliação SWOT, na qual se analisam as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças ao projecto.
Gonçalo Lourenço, proprietário da Casa Adega do Mosteiro, em Salir de Matos, disse que é aconselhável definir bem o projecto, o que se vai fazer e como. “Ler bem a legislação evita complicações no processo”, acrescentou.