Solancis celebra 50 anos em crescimento

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Samuel Delgado é o presidente do Conselho de Administração da empresa | I.V.

A Solancis cresceu quase 50% nos últimos cinco anos, atingindo em 2018 os 11,8 milhões de euros. A empresa beneditense dedica-se à exploração de 12 pedreiras e transformação de rochas ornamentais. Actualmente, 50 anos depois da fundação, a firma dá trabalho a 126 pessoas.

 

A Solancis celebra em Setembro o seu 50º aniversário. No último ano atingiu um volume de negócio de 11,8 milhões de euros, num crescimento de quase 50% em cinco anos, uma vez que em 2013 a facturação rondava os oito milhões de euros.
A maior parte da produção tem como destino a exportação para todo o mundo. Mais de 90% de tudo o que é produzido é enviado para o estrangeiro.
A política da Solancis não passa por vender os blocos em bruto, mas sim os produtos finais.
O trabalho começa com a extracção dos blocos da pedreira e com o transporte para a fábrica. As instalações fabris demonstram como a empresa combina a inovação com a tradição, com muita robotização.
É na fábrica que os blocos são serrados e polidos. A parte do corte em chapas é a que gera maiores desperdícios e a empresa tem procurado investir em tecnologia para os reduzir.
Nas pedreiras os desperdícios do processo de extracção acabam por ser usados para “cama”, aparando a queda dos grandes blocos quando são extraídos. Quando se tornam pequenos demais para reutilizar nesse fim, são usados como matéria prima para a indústria da cal ou para a recuperação de antigas pedreiras.
Já na fábrica existe, por exemplo, um tapete rolante que percorre as instalações fabris por baixo do chão, para onde caem os desperdícios, que são transportados para grandes depósitos, podendo depois ser reaproveitados para outros fins.
Depois existem as poeiras na fábrica, que são aspiradas e colocadas na água, criando 30 toneladas de lamas por dia, que podem ser utilizadas na construção civil como massa.
Um sexto da energia que a fábrica necessita – 1111 dos 6098 kw/h que consome por dia – provém dos vários painéis solares que estão instalados no telhado.
A fábrica tem um circuito fechado de água, que é tratada numa estação de tratamento própria e reutilizada. A ETAR trata 8000 litros de água por dia e o circuito é abastecido por um furo de água que repõe as perdas.
As preocupações ambientais são também uma exigência económica. É que, “num mercado cada vez mais competitivo, com consumidores cada vez mais exigentes, as empresas têm de se diferenciar, não só pela qualidade dos seus produtos e serviços, mas também pelas preocupações ambientais e de higiene e segurança”.
A empresa tem 126 funcionários e explora actualmente 12 pedreiras, das quais 11 se localizam no Maciço Calcário Extremenho, que é uma das mais importantes formações calcárias a nível nacional, com 800 quilómetros quadrados. Nove das pedreiras exploradas pela empresa localizam-se na área do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.

Uma empresa que remonta ao séc. XX

A Solancis foi fundada em 1969, mas a sua actividade vem já da primeira década do século XX, altura em que se extraía a pedra com serrotes e alavancas e se transportava esta em carros de bois. Foi ainda durante a monarquia que José Oliveira Delgado começou a explorar uma pedreira em Turquel.
A própria empresa valoriza a sua história e conta no seu site que “a pedra era extraída e transformada, no próprio local, em pias que serviam para guardar azeite e salgar carne durante todo o ano” e que os “dois homens manejavam alavancas e serrotes, num trabalho diário que lhes valia 7,50 escudos por dia”.
A actividade foi-se desenvolvendo e a partir de 1920, o filho Silvino Oliveira Delgado, herda o negócio e dedica-se à produção de cantarias e campas.
Em meados do século XX, Manuel Costa Oliveira Delgado, com apenas 17 anos, assume a gestão da empresa do pai. É “o entusiasmo da adjudicação do trabalho de pedra para uma grande obra, que foi a construção do Estádio da Luz” que leva à compra de um terreno para instalação de uma serração.
Daí até hoje, a empresa tem vindo a crescer, sendo uma das mais importantes do sector a nível nacional e tendo trabalho reconhecido internacionalmente. Da Solancis saíram pedras para a construção do Parque das Nações e do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, mas também, por exemplo, para o Museu Petit Palais e para a escadaria do Louvre, ambos em Paris.

A fábrica combina a tradição e a inovação, empregando 126 pessoas | I.V.