As pedreiras na Serra de Aires e Candeeiros são um exemplo de equilíbrio

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Quando se pensa na existência de um Parque Natural a imagem que vem à cabeça das pessoas não é a existência de 350 pedreiras. Mas a verdade é que o sector extractivo e as entidades ambientais e gestoras do parque encontraram um equilíbrio que permite preservar as duas realidades: a sustentabilidade do território e a manutenção de um sector que gera 1500 empregos e representa um volume de negócios superior a 100 milhões de euros anuais.

 

A existência de pedreiras abandonadas é um probelma paisagístico, ambiental e, em muitos casos, social, pela insegurança que representam.
Em 2010 o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros passou a obrigar as empresas extractivas que quisessem explorar novas áreas ou amplicar explorações existentes a recuperar uma área, pelo menos, semelhante de antigas pedreiras que possuam (ou que adquiram para o efeito).
Em certos casos, consoante o nível de protecção da zona que pretendem explorar, as empresas podem ser obrigadas a recuperar o dobro da área de exploração.
Este é um exemplo de um equilíbrio difícil de encontrar entre a sustentabilidade de um parque natural e a continuação de uma actividade que emprega e sustenta milhares de pessoas.
Célia Marques, da Associação Portuguesa dos Industriais de Mármore, Granitos e Afins (ASSIMAGRA), referiu que “desde que o plano de ordenamento está em vigor, passaram a haver muitas mais recuperações” de pedreiras. Contam-se já 77 áreas recuperadas, num total superior a 600 quilómetros quadrados.
A recuperação começa com o enchimento das antigas pedreiras com desperdícios da extracção. Depois é colocada por cima do enchimento uma camada de terra e, posteriormente, faz-se a sementeira do local, arborizando ou reflorestando, de acordo com o que for estabelecido.
A responsável fez notar a relevância extrema desta indústria para a região. É que existem 350 pedreiras licenciadas na área do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, que mede 390 quilómetros quadrados e é abrangido por sete concelhos: Alcobaça, Rio Maior, Porto de Mós, Alcanena, Santarém, Torres Novas e Ourém.
Estas pedreiras representam 1500 postos de trabalho e um volume de negócios superior aos 100 milhões de euros anuais.
Célia Marques foi uma das oradoras da palestra sobre a inovação tecnológica e economia circular na utilização dos recursos geológicos, que decorreu no dia 21 de Junho, nas instalações da Solancis (na Benedita), uma das empresas que labora na área do parque natural.
Mais de meia centena de pessoas marcou presença no evento, que integrava as comemorações dos 40 anos do parque natural e que contou com uma visita às instalações fabris.

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Novo plano de ordenamento a ser preparado

Maria Jesus Fernandes, do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, revelou que actualmente está a ser preparado o novo plano de ordenamento do parque.
Esta responsável veio para o parque natural em 2000 e nota que daí para cá “a relação entre o parque natural e os exploradores melhorou”. Maria Jesus Fernandes reconhece que existem “pontos de desacordo e questões em que a resposta dos exploradores não é a que queríamos ou a nossa resposta não é a que eles queriam”, mas salienta as melhorias na relação entre ambas as partes desde a implementação do plano de ordenamento.
Já Samuel Delgado, presidente do Conselho de Administração da Solancis, referiu que “este é um dia que vai ficar na memória do sector da pedra” e salientou a importância da aproximação entre as universidades e a indústria.
O empresário afirmou ainda que é necessário “que os organismos públicos andem à mesma velocidade” que a indústria.

 

Célia Marques, da Associação Portuguesa dos Industriais de Mármore, Granitos e Afins, foi uma das oradoras | I.V.

 

O negócio da pedra dá emprego a 1500 pessoas e gera mais de 100 milhões de euros por ano | I.V.
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