Israel e Palestina: um Conflito que Subestima a nossa Inteligência

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Guilherme José
Livreiro “Malfeitor”

Já que nos encontramos todos, como que mergulhados no mais recente conflito entre Palestina e Israel, e a nossa tendência é sempre a de nos assumirmos enquanto agentes morais, tomei a liberdade de executar o meu juízo neste espaço que me é dado.
Vejamos, este povo que massacra continuamente os palestinianos, sob a máxima de não os considerar sequer humanos, e com isso abraça um conjunto de problemáticas que envolvem nomeadamente uma ‘limpeza’ étnica. São os mesmos que sofreram o Holocausto e acabaram perseguidos por toda a Europa no decorrer do século passado, certo?
Outra circunstância extremamente interessante é a ideia de que, na realidade, só após o estabelecimento oficial de Israel em 1948 e a ocupação da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza em 1967, é que se iniciou um projeto de expansão sionista. Vamos todos fingir que não existiu o século XIX para a comunidade judaica, que não foi construído um Fundo Nacional Judaico em 1901, que financiou a aquisição de terras na Palestina, tratando, grosso modo, de eliminar palestinianos de acordo com a sua “boa vontade”. Ignoremos também a existência das milícias sionistas Haganá, Stern e Irgun, já posteriores à Segunda Guerra Mundial, que contribuíram fortemente para o intitulado Plano Dalet, que visou despovoar os centros populacionais na Palestina.
Agora, no que diz respeito ao outro lado da barricada: Será facilmente propício acreditar que a luta do Hamas é a dos palestinianos, e que estes últimos estão totalmente em consonância com a “administração política” do Hamas em Gaza desde 2007. Nada mais errado. O Hamas é um grupo terrorista, como se sabe, composto maioritariamente por sunitas, mas ainda assim, com a clara destreza de manter boas relações – muito boas, diga-se – com grupos xiitas, supostamente seus adversários, como, por exemplo, o Hezbollah. Vamos acreditar, façamos um esforço, vá, que, por exemplo, o Egito não quer abrir a fronteira por um outro fator qualquer que não o receio de que esse mesmo grupo se infiltre no seu país. E façamos um esforço agora ainda maior para acreditar que esses mesmos grupos ainda não se infiltraram numa Europa entregue a uma política cada vez mais forte de fronteiras abertas. ■