«O Mundo que eu vi» de Genuíno Madruga

0
433

Oriundo de uma família de emigrantes, Genuíno Madruga (n. 1950) não seguiu o exemplo dos irmãos e da irmã («A minha América foi a pesca») e aos 13 anos vendeu o seu primeiro peixe (um congro) por 30 escudos. No Peter Café Sport (Horta) Genuíno Madruga conheceu, entre muitos aventureiros do mar,Marcel Bardiaux, cujos livros foram fundamentais para a sua passagem pelo Cabo Horn e pela sua entrada na reservadíssima confraria dos Capitães do Cabo Horn (Chile).
Depois de referir a frase de Bardiaux («Que cemitério de barcos!») sobre os canais da Patagónia, vejamos as memórias da página 91 do livro: «Naveguei sempre que possível pelos mesmos sítios por onde Bardiaux navegou. Por um lado procurei ver e comparar, quais as diferenças ocorridas após cinquenta e seis anos. As ilhas descritas ainda lá estavam, quando ao cascos de navios, nada. Em dois ou três locais, vi restos de navios encalhados, certamente bem mais recentes.»
Este volume de 210 páginas, regista em texto e imagem a segunda viagem de Genuíno Madruga dobrando o cabo Horn do Atlântico para o Pacífico. Iniciada em 25-8-2007 e terminada em 6-6-2009, já antes o grande navegador português tinha efectuado outra viagem de circum-navegação começada em 28-10-2000 e concluída em 18-5-2002. No seu veleiro «Hemingway» deu a segunda volta ao Mundo e só lendo página a página se entende o alcance de um feito como este: mesmo sendo um homem do Mar procura sempre em Terra inteirar-se da vida da comunidades portuguesas por onde passou. Em suma – uma Peregrinação no século XXI.
(Editora: Ver Açor, Prefácio: Carlos César, Testemunho: Fernando Menezes, João Gomes Vieira, João Bosco Mora Amaral, Sidónio Bettencourt, Nota final: Fernando Ranha, Design: Helder Segadães, Fotos: Nuno Sá, Pedro Madruga, Marco Dutra, Margarida Madruga, Beatriz Madruga e André Brandão)

José do Carmo Francisco