Autarcas comprovam degradação do Hospital Termal

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DSC_0251Ver o estado em que se encontra o património que desde o início do ano é propriedade da autarquia caldense foi o objectivo da visita realizada no passado dia 16 de Janeiro ao Hospital Termal, balneário novo e pavilhões do Parque. A visita, que durou mais de hora e meia, foi pedida pela vereação e deputados da Assembleia Municipal à autarquia, e permitiu conhecer e comprovar o estado de abandono a que chegaram alguns dos espaços propriedade do Estado que até muito recentemente eram administrados pelo CHO.

Desde que está na posse do Hospital Termal, a Câmara já contratou uma funcionária para a recepção daquele edifício centenário e onde continuam a funcionar os serviços de fisioterapia e medicina de reabilitação. O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, que acompanhou a visita com mais de 20 autarcas informou também que ali continuam a trabalhar dois fogueiros, um técnico de manutenção e serviços de limpeza.
A primeira paragem da visita foi na subestação 1, logo à entrada do Hospital Termal, e que se mantém a funcionar apenas ao nível das desinfecções, permitindo assim manter o circuito das águas em bom estado. Quando as  termas funcionavam era ali que a água proveniente das nascentes era aquecida alguns graus para ficar à temperatura adequada para os tratamentos a realizar, sobretudo em pacientes com doenças músculo-esqueléticas e nas vias respiratórias.
A visita seguiu rumo à piscina da rainha, um dos ex-libris daquele local, e uma das duas piscinas com nascentes naturais. Desde que a autarquia tomou posse, foram também já ali colocados alguns projectores, dado que já há algum tempo que não havia qualquer tipo de iluminação naquele local.
No rés-do-chão do edifício encontra-se também a piscina do rei e uma terceira, sem água, e que apenas era cheia quando o número de doentes a tratar o exigia, até há uns anos atrás.
No futuro estes espaços não deverão voltar a receber doentes para tratamento, dado que o relatório da Frasa (empresa espanhola que fez a auditoria às águas do Hospital Termal) recomenda que aquele piso seja vocacionado para museu ou usado como área de formação ou investigação. Os tratamentos com as águas termais deverão, assim, concentrar-se nas várias alas dos pisos superiores e feitos em banheiras e com duche. Tinta Ferreira disse que pretende que as várias banheiras de mármore ali existentes continuem a funcionar para os tratamentos.
O concurso para a colocação de novas tubagens já foi aberto e o mesmo relatório aponta para que, após a obra, estejam reunidas as condições para que os tratamentos com água termal possam recomeçar numa ala do Hospital Termal e no Balneário Novo. Tinta Ferreira acredita que isso possa acontecer  em 2017. “Entretanto, serão feitas candidaturas para obras de maior dimensão, na ordem dos três a quatro milhões de euros, para a requalificação de todo o hospital”, acrescentou o autarca.
No balneário novo a comitiva, composta por alguns vereadores, elementos da Assembleia Municipal e chefes de serviço da Câmara, teve oportunidade de comprovar que este é o único edifício que está praticamente pronto a retomar a sua actividade termal. Não compareceu nenhum deputado do MVC nem o vereador Hugo Oliveira, que tem liderado o processo das termas.

Pavilhões do Parque

Chegados aos pavilhões do Parque, os autarcas deram com o edifício num elevado estado de abandono, com diverso material depositado e deteriorado. Milhares de folhas de arquivo estão dispersas pelo chão, aguardando que alguém as recolhas e as envie para o Hospital de Peniche, onde, pelos vistos, funciona o arquivo morto do CHO. O presidente da Câmara garante que “há manifestações de interesse” relativamente aos pavilhões, tanto por parte de investidores nacionais como estrangeiros, mas escusa-se a dizer quem são. Entre os projectos estão a construção de um hotel de luxo e de residências. “Os investidores estão a fazer todos os estudos que lhes permitam tomar a decisão em definitivo”, disse à Gazeta das Caldas.
Em fase mais atrasada está a passagem da gestão do Hospital Termal para uma instituição privada de solidariedade social (IPSS) pois ainda não apareceu nenhuma entidade interessada. No entanto, Tinta Ferreira acredita que em 2017, quando pretende abrir o hospital e o balneário novo com tratamentos, este já possa ser explorado por uma entidade privada de cariz público. “Essa é a solução que preferimos, mas se isso não se concretizar a Câmara irá assumir as suas responsabilidades”.
Vítor Fernandes, do PCP, a única força política que votou contra a passagem do Hospital e do património termal para a autarquia, considera que “vai custar muito dinheiro” para se conseguir repor as condições para que haja tratamentos. Critica o “desinteresse e abandono” a que foi votado o hospital, nomeadamente pelos últimos governos e lamentou que não haja vontade política, ao nível do poder central, para aproveitar aquele património que tem “potencialidades únicas”.

 

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt