Fernando Costa excluído da lista de deputados por Leiria

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Untitled-1 copyO presidente da distrital de Leiria e ex-presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa não integra as listas pelo distrito nas próximas eleições e deixou de ser o director de campanha pela coligação “Portugal à Frente”. Segundo o próprio, a Comissão Política Nacional do PSD castigou-o por ser “uma pessoa incómoda”, mas o autarca garante que irá continuar fiel a si mesmo, ao mesmo tempo que irá “fazer campanha e ajudar o PSD a ganhar”. Portaram-se mal com ele, diz, mas considera que o seu “partido vale mais que as pessoas que estão à sua frente”, destacando que conhece bem os motivos pelos quais o quiseram retirar.

“Fui vítima da minha frontalidade em defender as Caldas, o distrito de Leiria e algumas causas nacionais”. É desta forma que Fernando Costa reage à decisão da Comissão Política Nacional de o retirar da lista de candidatos por Leiria, ficando em representação das Caldas a actual deputada, Maria da Conceição Pereira, em sétimo lugar.
Fernando Costa explicou à Gazeta das Caldas que o seu nome foi aprovado na distrital de Leiria e que, posteriormente, na reunião da comissão do partido, lhe pediram para desistir por não reunir as “melhores condições” para ser candidato. Entre as razões estavam as suas posições contra a privatização dos resíduos e das águas (Valorsul e Águas de Portugal).
“Quando me disseram isso percebi que já tinham uma opinião formada sobre mim”, disse, numa referência, entre outros, ao ministro do Ambiente e também elemento da comissão política, Jorge Moreira da Silva, que “estava contra a minha candidatura”. O actual vereador na Câmara de Loures ressalva que a questão das listas “não tem nada a ver” com a vereadora Maria da Conceição Pereira nem com as Caldas, embora os órgãos nacionais tenham pedido aos dois para que um desistisse, o que nenhum fez.
A pedido de Fernando Costa houve uma votação entre os dois candidatos e este viria a perder para Maria da Conceição Pereira, que integra também a Comissão Política Nacional, por 18 votos contra um. “Foi uma votação inexplicável, mas que mostra que o aparelho do partido funcionou”, realça.
O autarca diz, inclusive, que sempre pensou que Maria da Conceição Pereira desistisse em seu favor, lembrando que a convidou sete vezes para a vereação e que foi o promotor da sua presença na Comissão Política Nacional, pelo que “embora não tivesse obrigação, pensei que houvesse algum reconhecimento e gratidão”.

“Vítima de frontalidade”

Fernando Costa diz que é ainda “vítima da frontalidade” que assumiu em questões como os hospitais termal e distrital, a Linha do Oeste e a Lei do Enriquecimento Ilícito. Não lamenta ter tomado essas posições e garante que vai continuar da mesma forma. “Se fosse deputado e estivesse na Assembleia da República, falava de uma maneira, mas não estando lá vou continuar a defender aquilo em que acredito”, disse, acrescentando que o maior desgosto que teve, enquanto presidente da Câmara das Caldas, foi o governo ter fechado o Hospital Termal.
Fernando Costa diz que tem a “mágoa” de não ter conseguido mantê-lo a funcionar apesar de ter oferecido ao ministro da Saúde a possibilidade de a Câmara pagar metade das despesas que este necessitava para se manter aberto. Lamenta agora que este esteja há mais de dois anos fechado e vê que “não há maneira de o entregarem à Câmara”.
Por outro lado, também o atraso nas obras das urgências no hospital distrital o levou, por duas vezes, a fazer intervenções públicas sobre essa situação. “Agora é que começaram a fazer o projecto e se eu não tenho feito o protesto, ainda as coisas estavam adormecidas em qualquer sítio”, acrescentou.
Na passada terça-feira, 4 de Agosto, demitiu-se de director de campanha da coligação, depois de, no interior do partido, lhe terem pedido para o fazer, escusando-se a pormenorizar quem. “Continuava como director de campanha sem problema nenhum”, diz, acrescentando que Leiria fez a “melhor pré-campanha de porta a porta ao nível da coligação”.
Ainda assim, Fernando Costa garante que vai fazer campanha sempre que o convidarem e continuar a apoiar o seu partido. Isto apesar de um “pequeno partido” já o ter convidado para ser cabeça de lista pelo distrito, o qual recusou. Contudo não disse que partido foi esse.
Para o autarca, este “governo é muito melhor e mais responsável que os governos socialistas”. Mas, embora magoado com o PSD, o que lhe interessa “é o país, o futuro das pessoas e isso é melhor tratado por esta coligação do que estar a mudar de partido”.

Maria da Conceição em 7º lugar

A lista de deputados pelo distrito de Leiria, aprovada por unanimidade no Conselho Nacional do PSD é encabeçada pela actual secretária de Estado, Teresa Morais, seguida do bombarralense Feliciano Barreiras Duarte. Em terceiro lugar surge Pedro Pimpão, de Pombal, e depois o primeiro nome do CDS-PP, Assunção Cristas, actual ministra da Agricultura e do Mar. Em quinto lugar figura a presidente da distrital da JDS, Margarida Balseiro Lopes, seguida de José António Silva, da concelhia de Leiria. Em sétimo lugar está a deputada caldense Maria da Conceição Pereira, que nas últimas legislativas foi em quarto lugar.
Em oitavo lugar aparece Valter Ribeiro, presidente da concelhia de Alcobaça, seguido, em nono lugar, do segundo candidato do CDS-PP, o deputado caldense Manuel Isaac.
Manuel Isaac, que é também presidente da distrital centrista, disse à Gazeta das Caldas que no seu partido “é a nível nacional que são decididos os nomes”.
Já o presidente da concelhia caldense, Hugo Oliveira (que propôs Maria da Conceição Pereira), considera que a actual deputada “poderia ir mais bem colocada na lista”, mas acredita que mesmo assim será eleita.
Fernando Costa também não ficou satisfeito com o lugar em que está candidata caldense. “É injusto para com ela e para as Caldas”, concluiu.