PS de Óbidos quer uma “vila quase sem carros” e com benefícios para os residentes

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Os socialistas dizem que a saúde financeira do município de Óbidos não é como o PSD quer fazer crer e desafiou o executivo a pagar mais rapidamente aos fornecedores

O PS de Óbidos está preocupado com o trânsito em Óbidos, que apelida de caótico. “Há carros a mais dentro da vila, mas este problema tem solução e gastando-se pouco dinheiro”, disse o vereador José Machado, numa conferência de imprensa que decorreu no passado dia 25 de Maio.
O autarca, após identificar os problemas existentes, socorrendo-se a várias fotografias, defendeu uma “vila quase sem carros”, com excepção para os residentes, comerciantes e as viaturas de socorro.
José Machado considera que deve haver privilégios para os residentes, que são cada vez menos dentro da vila, mas por outro lado, considera que deve haver a pedagogia do exemplo, por parte da vereação e funcionários públicos, estacionando fora da muralha. “A Câmara tem quatro lugares e a proposta que fazem no novo regulamento é de seis, ao passo que eu proponho que fiquem apenas dois lugares para estacionamento”, referiu José Machado.
O vereador da oposição na autarquia discorda também que sejam atribuídos cartões para entrada na vila aos 80 quartos que existem para alugar. “Dentro de Óbidos há 50 lugares para estacionamento e os residentes, até porque muitos são idosos, devem ser acarinhados”, disse, defendendo também que estes tivessem direito a estacionamento gratuito no parque, assim como os comerciantes, que apenas entram na vila para fazer as suas cargas e descargas.
A cerca do castelo vai voltar a ter dois sentidos de trânsito e José Machado realça que, para o bom funcionamento do tráfego naquele local, é necessária uma montagem e desmontagem célere dos cenários dos eventos que ali decorrem. Durante o tempo em que a cerca está interdita ao trânsito, este poderá fazer-se, nos dois sentidos, pela Porta de Nossa Senhora da Graça, cujo pavimento deverá passar a ser antiderrapante.
José Machado viu ainda aceite pela autarquia a sua proposta de melhoria da estrada que liga a Igreja da Senhora do Carmo à estrada do Pinhal, facilitando uma via alternativa de entrada e saída de viaturas para a zona da Pousada do Castelo e da GNR.O projecto de Regulamento de Trânsito da Vila de Óbidos irá entrar em discussão pública dentro de dias e o PS pretende obter contributos das pessoas, para que “não se repita agora a situação da recente consulta pública da proposta de Regulamento da Venda Ambulante, em que nenhum comerciante ou vendedor ambulante se pronunciou sobre este diploma antes da sua aprovação”, explicou. Nesse sentido, considera importante ouvir os interessados, propondo soluções integradas e abrangentes.
José Machado comprometeu-se a analisar as propostas que lhe chegarem por e-mail (josermachado@gmail.com) mostrando-se disponível para reuniões com os interessados, nos Paços do Concelho, no gabinete que anteriormente era utilizado pela Protecção Civil.

Saúde financeira da Câmara preocupa socialistas

A representante do PS, Catarina Carvalho falou sobre a situação financeira do município e mostrou-se menos optimista que a autarquia quando apresentou os resultados de 2011. Explicou que o lucro anunciado de 4,5 milhões de euros, no exercício do ano passado é apenas contabilístico e resulta da “contabilização tardia de investimentos de outros anos, de infra-estruturas que não são susceptíveis de serem vendidas”.
A também deputada municipal salientou que a dívida total consolidada do município de Óbidos ultrapassa os 15 milhões de euros e lançou um desafio ao PSD: “se a saúde financeira da Câmara de Óbidos é como querem fazer crer, que paguem 25% dos 15 milhões de euros, que é a dívida consolidada do município, reduzam para metade o prazo médio de pagamento a fornecedores e que cumpram algumas das muitas promessas eleitorais, começando pela muito prometida habitação social”.
Como exemplo do atraso nos pagamentos falou no apoio para a construção do Lar de Idosos de A-dos-Negros, onde faltam pagar 30 mil euros do subsídio aprovado. Catarina Carvalho disse mesmo que a Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia de A-dos-Negros “está a sofrer grandes dificuldades por a Câmara não pagar o que prometeu”.
A militante socialista estranha ainda que, estando o município de “boa saúde financeira” esteja a pagar, em média, a “301 dias aos seus fornecedores, estrangulando a actividade económica e colocando em sério risco a subsistência, sobretudo das pequenas empresas fornecedoras, empurrando-as para a insolvência”. Lembrou que há quatro anos o executivo se orgulhava de pagar aos seus fornecedores a 27 dias, mas que esse prazo “aumentou em mais de 10 vezes e, no espaço de apenas um ano, aumentou em mais 100 dias”.
Catarina Carvalho considera que a situação financeira tenderá a agravar-se nos próximos anos, quando grandes receitas extraordinárias cessarem e quando se concentrar a amortização dos empréstimos bancários, “feitos pelo PSD, remetendo irresponsavelmente para o futuro e próximos executivos as limitações de investimento que resultarão do endividamento”.
O PS de Óbidos considera ainda que a maioria social-democrata que governa a Câmara há mais de uma década, “tarda em fazer a avaliação da grande maioria das suas muitas promessas por cumprir”, dando como exemplos os cinco milhões de árvores que estão por plantar, as piscinas públicas em todas as freguesias e os postos de trabalho prometidos.
Catarina Carvalho resumiu a gestão do PSD nos últimos 10 anos às festas e “à construção de três escolas, pagas maioritariamente com dinheiro da União Europeia”, perguntando-se o que fica de realmente significativo para o futuro.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt