Reorganização hospitalar na região Oeste “é uma ilusão”, diz João Semedo

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João Semedo (ao centro) defendeu nas Caldas que os problemas na Saúde se devem a prioridades erradas e má distribuição do Orçamento

O deputado bloquista João Semedo, eleito à Assembleia da República pelo círculo eleitoral do Porto, veio às Caldas da Rainha para tomar contacto com os constrangimentos que se vivem nos hospitais locais. Na manhã da passada segunda-feira, dia 28 de Maio, o deputado defendeu que nenhum dos problemas actuais se vão resolver com a reorganização hospitalar que está a ser estudada pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que diz ser “uma ilusão e uma tentativa de ir enganando entre aspas a opinião pública, porque a fusão não traz mais dinheiro e não traz mais médicos, nem mais enfermeiros, nem mais profissionais”.
João Semedo falava à Gazeta das Caldas depois de reunir com a Comissão de Utentes local e com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON). Nos encontros, o deputado, médico de profissão, ficou a conhecer mais de perto uma estrutura “que vive um problema gravíssimo de subfinanciamento arrastado, uma dívida brutal”, ao qual acresce a “falta de médicos e profissionais, o que reduz a qualidade e a amplitude do serviço prestado”.
Mas para o bloquista, “a responsabilidade não é dos seus profissionais nem da administração actual. É de quem ao longo dos anos, em diferentes governos, subfinanciou os hospitais do Serviço Nacional de Saúde”. E até refere que o actual Conselho de Administração tem consciência dos problemas e está “a fazer um esforço ultrapassar os estrangulamentos que não são criados por si”.
Perante um acumular de problemas vividos actualmente nos hospitais caldenses, João Semedo rejeita que a solução passe pela reorganização hospitalar. Na sua opinião, a junção do CHON e do Centro Hospitalar de Torres Vedras no Centro Hospitalar do Oeste “não vai aumentar o financiamento das unidades de saúde, nem vai aumentar o número de profissionais. Vai permitir melhoras aqui e ali, através da sinergia de meios, mas não vai resolver o problema”.
Qual é, então, a solução? Uma redefinição de prioridades, defende. “O governo tem que se convencer que se há dinheiro para a Madeira, para o BPN e para tantos outros disparates, tem que haver dinheiro para a saúde”, diz. É preciso que a distribuição do orçamento seja mais coerente. “Toda a gente sabe que os orçamentos são limitados, mas há maneiras e maneiras de fazer os orçamentos e de os distribuir”.
Hospital termal com financiamento próprio

Nas Caldas da Rainha, João Semedo não esqueceu a importância do Hospital termal, que quer continuar a ver ao serviço da população. “É vantajoso para o SNS manter um hospital termal único, é um património que se se destrói não se consegue nunca mais recuperar”.
Para o bloquista, a grande questão passa por saber se este deve continuar a sobrecarregar o orçamento já deficitário do CHON. “Eu acho que não. Acho que o Hospital Termal devia ter um financiamento próprio que não sobrecarregue as dificuldades que o Centro Hospitalar já tem”, defendeu.
Ao Bloco de Esquerda não importa quem gere o Hospital Termal. Fundamental é, isso sim, que se assegure que o Hospital Termal seja um hospital público, integrado no Serviço Nacional de Saúde. Além disso, este deve manter-se como património público.
É que se durante alguns anos se perdeu o interesse pelo termalismo, “recentemente, e face à falência de outras terapêuticas, voltou a olhar-se com muita atenção para o termalismo enquanto processo terapêutico e de tratamento de certas patologias osteoarticulares”, realça o médico.
Acompanhado por figuras do Bloco de Esquerda local, João Semedo admite que saiu das Caldas da Rainha mais preocupado do que tinha chegado, horas antes. “Porque o governo está a insistir numa solução, numa miragem, de resolver os problemas do Hospital das Caldas e de Torres Vedras criando um centro Hospitalar que eu julgo que não vai resolver nenhum problema e que vai agudizar até alguns dos problemas que já hoje se sentem nesta região em matéria de cuidados de saúde”, reitera.

Joana Fialho

jfialho@gazetadascaldas.pt