A integração das economias dos países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) através de uma União Aduaneira é uma das metas deste organismo. Representantes de várias entidades do espaço lusófono partilharam as suas experiências na conferência que decorreu em Óbidos, a 13 de Setembro.

A valorização da CPLP passa pela livre circulação das mercadorias, de capitais, de contratação de serviços e de circulação de pessoas. Esta a posição defendida por Salimo Abdula, presidente da Comunidade Empresarial deste organismo, criado há 23 anos com o objectivo de aproximar os países que falam português. O empresário moçambicano, que não pôde estar presente em Óbidos por questões de agenda, fez uma intervenção à distância onde defendeu também um maior investimento na promoção da língua portuguesa. Esta aposta deverá ser feita ao nível das organizações internacionais, como língua de trabalho, ou, preferencialmente, como língua oficial, fora dos países da CPLP, designadamente onde as diásporas lusófonas detém uma presença significativa e camadas da população se sintam atraídas pela aprendizagem da língua portuguesa.
O fortalecimento da língua como tarefa fundamental de afirmação foi também defendido por Orlando Carvalho, presidente da Global CPLP Iuris (associação jurídica de advogados dos países da CPLP), que organizou o evento em conjunto com a autarquia de Óbidos. De acordo com este responsável, é necessário que os escritores, artistas e intelectuais dos vários países se possam conhecer, trocar experiências e criar uma verdadeira cultura lusófona, com dimensão transnacional.
Orlando Carvalho considera que é altura de “envolver e comprometer as pessoas, as instituições, empresas e sociedade civil”, dando-lhes um papel activo na afirmação da CPLP.

Uma potência mundial

A CPLP surgiu há 23 anos por iniciativa de dois portugueses, o actual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a finalidade de reaproximar os países que falavam português depois do processo de descolonização. De acordo com Mário Costa, presidente da União de Exportadores da CPLP, a falta de visibilidade deste organismo, até então com um pendor político, levou a que, em 2016, fosse introduzido o pilar económico. Passou então a promover-se também a cooperação em termos empresariais. “Cerca de 90% dos empresários possuem pequenas e médias empresas, que não têm estruturas nos seus países para poder avaliar qual o melhor sistema jurídico, perceber quais os maiores obstáculos para a sua internacionalização e os melhores clientes”, disse o presidente da União de Exportadores da CPL.
O responsável reconheceu, contudo, que não é fácil esta cooperação, pois apesar de todos falarem a mesma língua e haver afinidades históricas e culturais, as pessoas têm ritmos e formas de estar diferentes. A livre circulação de pessoas e de capitais e tarifas aduaneiras comuns são requisitos que Mário Costa considera necessários para que se potenciem os negócios.
“Acho que a CPLP tem atributos únicos que a podem tornar, dentro de poucas décadas, uma potencia mundial”, concluiu o responsável, lembrando que esta está presente em quatro continentes e integra milhões de pessoas.