Coleção Ciência & Conhecimento assinala 25 anos do ministério

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O comissário da coleção, Luís Gomes, ladeado pelos convidados para o debate sobre livros que mudaram a forma de fazer e divulgar a ciência | Fátima Ferreira

Criada para assinalar os 25 anos do ministério da Ciência, a “Coleção Ciência & Conhecimento”, comissariada pelo livreiro e antropólogo, Luís Gomes, junta oito obras que marcaram a evolução do homem e da ciência nos últimos séculos

Festejar os 25 anos do ministério da ciência e, ao mesmo tempo, ajudar a divulgar e promover o livro. Foi desta forma que Luís Gomes, comissário da coleção Ciência & Conhecimento se referiu à cerimónia que decorreu na tarde de 10 de Outubro nos jardins do Espaço Ó, e que contou com a presença do ministro Manuel Heitor, A coleção, que assinala os 25 anos do ministério da Ciência, é composta por oito primeiras edições fac-similadas, que foram uma “escolha de um livreiro com alguns anos de experiência e de conhecimento adquirido, muito dele através de pessoas que gostam de livros”, partilhou. Numa conversa em redor de livros, o comissário da coleção assumiu que estes têm papéis fundamentais na vida de cada um e que, no seu caso concreto, o sonho de querer ser antropólogo (área em que se viria a formar) nasceu de um conjunto da National Geografic que via numa livraria, mesmo ainda de antes de saber ler.
Feita em parceria com o jornal Público e a editora A Bela e o Monstro, esta coleção “deve-se fundamentalmente ao Luís, que está sempre na sombra das boas ideias que temos”, disse o editor João Pinto de Sousa, caracterizando o livreiro e amigo como um “poço de humildade, de cultura e generosidade”. Também Cristina Soares, do Público, destacou a parceria e referiu que a coleção resulta da vontade de “apoiar a cultura e de divulgar temas que são subvalorizados no mercado nacional das publicações,” Este é o único jornal português que tem uma secção de ciência e há 15 anos que publica produtos associados, estimando que até agora tenham vendido cerca de 52 milhões desses produtos.
A “Ciência e Conhecimento: livros que mudaram a forma de fazer e divulgar a ciência” deu mote ao debate que juntou matemáticos, empresários, professores, livreiros comunicadores para partilhar gostos literários e falar da ligação entre a ciência e a cultura. O professor catedrático José Francisco Rodrigues começou por dar uma nota que poucos dos participantes saberiam: Óbidos teve, no século XVI, uma escola de matemática que tinha como função ensinar noções básicas da disciplina a arquitetos e construtores. Dinamizador de vários eventos em Óbidos, José Francisco Rodrigues tem estado, nos últimos anos, ligado ao Folio onde tenta realizar sessões onde associa a literatura e matemática. A coleção agora apresentada contempla o Libro de Algebra en Arithmetica y Geometria, de Pedro Nunes. José Francisco Rodrigues felicitou a organização pela iniciativa e deixou o desafio para que os livros agora em publicados possam, depois, ser também disponibilizados em formato digital.

A coleção é composta por oito primeiras edições fac-similadas e são publicadas no Público às quintas-feiras

A ligação do mundo empresarial à ciência faz parte do DNA do grupo IberoMoldes. O seu fundador, Joaquim Menezes, deu nota de algumas das ações realizadas, como o lançamento anual de livros para crianças, onde as tentam motivar para estas áreas, bem como a sua ligação aos centros de conhecimento nacionais e estrangeiros.
Ligada mais à imagem, Catarina Pestana, diretora de comunicação do grupo Visabeira, considerou que a relação da arte e da ciência é indissociável. “Sabemos como a arte sempre abriu portas à ciência e ao desenvolvimento científico e, por outro lado, que todos os mecanismos científicos influenciaram a evolução da própria arte”, referiu. A oradora deu mesmo o exemplo da fonte de letra Times que foi sendo alterado de acordo com a evolução dos transportes. O movimento pendular levou os designers a tornar mais estreita e alta para que fosse de mais fácil leitura. Já o livreiro José Pinho falou sobre a importância dos livros na divulgação do conhecimento e da ciência, defendendo a necessidade de empenho na edição das obras, nomeadamente recorrendo à ilustração.

A arte sempre abriu portas à ciência e ao conhecimento científico e este influenciou a sua evolução

Inspirada pela série Cosmos, de Carl Sagan, Paula Robalo, seguiu ciências e é atualmente diretora do Centro de Ciência Viva do Alviela. Com o público presente partilhou a atividade desenvolvida e alguns dos livros que fazem parte das suas memórias. José Luís de Almeida Silva, diretor da Gazeta das Caldas, falou sobre a sua longa ligação aos livros e à ciência, recordando as livrarias como locais de conspiração antes do 25 de Abril de 1974 e, pouco tempo depois, a criação de uma livraria na Gazeta para “arranjar receita e também como forma de criar massa crítica”. Destacou ainda a importância de conhecer o próprio autor do livro, além da leitura dos clássicos.
Também Samuel Rama, pró-presidente do Politécnico de Leiria, falou da diferença entre o papel e o digital, salientando que o “digital não está em lado nenhum, não tem escala, não tem tacto”. Referindo-se às artes e ciências, o professor universitário e artista plástico, disse tratarem-se de duas áreas muito importantes para a nossa existência em comunidade.