Escaravelho das palmeiras continua a dizimar árvores

0
1742

PalmeiraMorta Palmeiras secas ou com as folhas do topo desprendidas da coroa começam a fazer parte da paisagem da região. A causa é um escaravelho (Rhynchophorus ferrugineus), originário da Ásia, mas que já está em Portugal desde 2007.
Nas Caldas a autarquia detectou a primeira palmeira infectada em Outubro de 2014 e desde então já foram abatidas perto de 40 árvores do espaço público concelhio. Para Fevereiro está prevista a remoção de mais 10 palmeiras, todas no Parque D. Carlos I.

Teresa Vicente adora palmeiras e no seu jardim, em Casal Pardo (Alfeizerão), tinha nove. O gosto pelas árvores exóticas e de grande porte levou-a mesmo a mandar fazer um painel cerâmico com o nome “Casa das Palmeiras”.
Mas esta não é uma história com final feliz. Depois de há alguns anos terem morrido três árvores, o ano passado o escaravelho da palmeira (Rhynchophorus ferrugineus)  chegou também aquele jardim, tendo já sido abatida uma árvore.
“Sabia da praga e andava sempre de olho nas palmeiras”, lembra, acrescentando que há cerca de dois meses ao passar viu um escaravelho no jardim e “arrepiou-se”, pois já tinha andado a fazer pesquisa na internet e reconheceu o insecto.
A árvore acabou por morrer e foi cortada e incinerada. Teresa Vicente alerta inclusive para a necessidade deste procedimento uma vez que “os troncos das árvores, mesmo já mortas, estão cheios de larvas que depois se transformam em escaravelhos e que voam vários quilómetros”. Reconhece que é dispendioso remover as árvores, mas que é a única forma de travar a praga. Só da sua palmeira apanharam uma lata de tinta cheia de larvas.
“Tenho muita pena que sejam abatidas porque são árvores muito bonitas e que enfeitavam por todo o país. Corremos mesmo o risco de ficaram em extinção por cá”, disse à Gazeta das Caldas.
As restantes cinco palmeiras que tem no jardim e que contam já com mais de 20 anos estão a ser tratadas. Teresa Vicente tem alguns receios se o tratamento será eficaz o suficiente para as salvar, mas está a fazer tudo o que lhe é possível.
Meio a brincar meio angustiada, já diz que tem que alterar uma palavra no painel, que passará a chamar-se “Casa sem Palmeiras”.
Um pouco por todo o lado, são visíveis as palmeiras secas ou cortadas, dando assim nota que o insecto originário da Ásia, está a provocar estragos importantes. Em Portugal este insecto foi assinalado pela primeira vez no ano de 2007, no Algarve, mas já se estendeu a várias regiões do país, até porque basta uma palmeira não tratada para infestar outras num raio de 10 quilómetros.
O perigo coloca-se mais a partir da Primavera e Verão porque é nessa altura que a praga se espalha mais. Entre os sintomas apresentados pela árvore estão a sua copa irregular ou achatada, folhas soltas do centro da palmeira, folhas recortadas caídas no chão, orifícios na base das folhas e copa e casulos no chão na área envolvente. Em muitos dos casos é audível o ruído produzido pelas larvas a alimentar-se e o odor resultante da putrefacção dos tecidos internos da palmeira.

Palmeiras do Parque não resistem à praga

Nas Caldas, o Serviço de Jardinagem da autarquia detectou nos espaços de domínio público a primeira palmeira infectada em Outubro de 2014. Nessa altura passou a adoptar o Plano de Acção para o controlo da praga da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a proceder conforme o Edital de Luta Obrigatória Contra o Escaravelho da Palmeira publicado pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT).
Em Fevereiro do ano passado foi feito o primeiro abate de 12 árvores irrecuperáveis e mais 10, jovens, que estavam mal instaladas e susceptíveis à praga, em vários locais da cidade. Já no final do ano foram abatidas mais 16 palmeiras.
Foram ainda tratadas preventiva­mente 13 palmeiras localizadas na envolvente ao Centro Comercial La Vie, na rotunda da Estrada Nacional 8 com a 360, e na rotunda da Av. Timor Lorosae com a Rua Francisco de Sousa.
O serviço de jardinagem da autarquia está agora a programar uma intervenção no Parque D. Carlos I, onde serão arrancadas 10 palmeiras até ao final do mês de Fevereiro. Nas restantes serão tomadas medidas para o controlo da praga. Este serviço está também a monitorizar todas as áreas do domínio público, de modo a prevenir mais casos de infestação. Por outro lado, está a apoiar os munícipes com os seus serviços técnicos, dado que têm havido vários pedidos de esclarecimento sobre a forma a proceder para o abate e remoção das palmeiras, assim como para uma avaliação sobre possível infestação e quais os tratamentos a fazer.
Na região existem várias empresas a prestar serviços de tratamento e remoção das palmeiras. O serviço de espaços verdes do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor (CEERDL) é um desses casos e tem tratado sobretudo as palmeiras existentes nos jardins onde fazem manutenção, mas também já tem sido procurado por pessoas que precisam de tratar as suas árvores.
“É uma situação que tem vindo a aumentar”, revela Ana Domingos, do CEERDL, referindo-se à praga que já está instalada na região. Cada serviço de tratamento e remoção da palmeira tem um orçamento próprio, que está relacionado com o tamanho da árvore e o tratamento associado. No caso do CEERDL, estes têm-se situado entre os 80 euros (com tratamento e corte das palmeiras mais pequenas) e os 300 euros, no casos das árvores maiores. Mas estas intervenções podem ainda chegar a valores mais altos, em casos de árvores de maior porte, mas neste caso os serviços do Centro não possuem equipamento para tal.