Óbidos voltou a ter o número mínimo de médicos mas continuam a ser necessários mais profissionais

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O centro de saúde de Óbidos conta ainda com polos nas freguesias do Vau, Amoreira, A-dos-Negros e Olho Marinho | Beatriz Raposo
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Actualmente existem três médicos na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Óbidos (UCSP) que dão consultas nos polos de Óbidos, A-dos-Negros e Vau. Este número aumentará para quatro quando outra médica que está a gozar férias regressar no final de Agosto. Isto vem resolver a confusão que se havia instalado no início do mês no Centro de Saúde de Óbidos, com utentes a queixarem-se da falta de médicos.
O principal problema verifica-se na Amoreira e no Olho Marinho, onde não existem médicos de família mas apenas prestadores de serviços que são contratados para atender utentes uma a duas vezes por semana. Só que a empresa que recruta estes profissionais não tem cumprido as horas de contrato que estabeleceu com a ACES Oeste Norte, o que origina a falta de médicos naquelas freguesias.
Dos 8000 utentes do concelho de Óbidos, cerca de metade não possui ainda médico de família.

 

 

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No início do mês de Agosto a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Óbidos deixou de ter o número mínimo de médicos para assegurar as consultas e a emissão de receitas, não só nos polos de Olho Marinho, Amoreira e A-dos-Negros como também na unidade sede do concelho.
Isto porque o médico Fernando Correia se aposentou em Julho e em Agosto um dos médicos de família que prestava atendimento tanto em Óbidos como em A-dos-Negros, se encontrava de férias. Esta situação originou que vários utentes ficassem sem consultas ou com receitas por emitir. Vitor Dinis, porta-voz da Comissão de Utentes do CHO, disse que recebeu queixas de dezenas utentes sobre esta situação. “Todos eles idosos, pessoas que têm poucos meios e problemas de mobilidade, algumas que estão habituadas a deslocarem-se ao centro de saúde de tractor e que não têm como se deslocar às Caldas para serem atendidos”, disse o responsável, salientando que estes utentes tomam diariamente medicamentos que são insubstituíveis e cujo tratamento não pode ser interrompido, quando as receitas tardam em chegar.
“Por isso mesmo falamos de alguns casos em que é a vida das pessoas que fica em risco”, realçou Vitor Dinis, que acrescenta que a falta de médicos em Óbidos também leva a que as pessoas se dirijam às urgências do Hospital das Caldas para tratar de problemas que, em primeira mão, deveriam ser observados no Centro de Saúde de Óbidos. “O Estado está a querer educar a população a ir ao Centro de Saúde, mas se não há médicos as pessoas não se habituam”, frisou o porta-voz, que adiantou que a Comissão de Utentes do CHO está ao lado dos obidenses para “fazer parte da resolução do problema”, prevendo-se para breve a realização de uma vigília em frente ao Centro de Saúde de Óbidos.

SITUAÇÃO CONTROLADA, EXCEPTO NA AMOREIRA E OLHO MARINHO

Contactada pela Gazeta das Caldas, Ana Pisco, directora executiva do ACES Oeste Norte, disse que actualmente já está assegurado o número mínimo de médicos em Óbidos. Não só o médico Fernando Correia (que se havia reformado) aceitou assinar um contrato com a ARSLVT para atender utentes na unidade de Óbidos, como foi contratado outro profissional para aqui dar consultas às segundas-feiras e já regressou o médico que se encontrava de férias. Este último, além de prestar atendimento em Óbidos, também se desloca à unidade de A-dos-Negros. A estes três médicos juntar-se-á no final deste mês outra médica – que foi agora gozar o período de férias – e que presta cuidados em Óbidos e no Vau.
Isto significa que só as freguesias de Amoreira e Olho Marinho permanecem sem médicos de família, ficando assim dependentes de profissionais em prestação de serviços que são contratados por uma empresa. “O problema é que esta empresa não está a cumprir com as 111 horas semanais que estão estipuladas no contrato com a ACES Oeste Norte, ou seja, nem sempre nos consegue assegurar os médicos para as extensões de Amoreira e Olho Marinho”, acrescentou Ana Pisco, revelando que nestas unidades é suposto que os utentes tenham serviços de consulta uma a duas vezes por semana.
Quanto às receitas por emitir, Ana Pisco afirmou que a falta de médicos em Óbidos levou a que várias receitas que estavam por emitir fossem enviadas para o Centro de Saúde das Caldas, sendo que “em 24 horas foram assinadas na sede do ACES Oeste Norte e no dia seguinte já podiam ser levantadas em Óbidos”. A responsável acrescentou que os casos de saúde mais graves que coincidiram com a “fase abrupta de falta de médicos em Óbidos” foram direcionados para as unidades de Caldas e Bombarral.
De momento aguarda-se a divulgação dos resultados do concurso público para médicos especializados em Medicina Geral e Familiar, do qual se espera que resultem seis novos médicos para o ACES Oeste Norte. Um será encaminhado para Óbidos. Isto virá solucionar a carência de médicos neste concelho, um mal que também afecta Peniche, Bombarral e Alcobaça (Turquel e Alfeizerão). Mas para que todos os utentes abrangidos na área do ACES Oeste Norte (que também inclui Caldas da Rainha e Nazaré) tivessem médico de família seria necessário contratar pelo menos mais 11 médicos, que se juntariam aos actuais 91.

PRESIDENTE DA CÂMARA ENVIOU CARTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

A falta de médicos em Óbidos tem sido um problema sobre o qual a Câmara de Óbidos não tem baixado os braços. “É uma preocupação cuja resolução o executivo tem no topo da sua lista de prioridades. Para além dos contactos permanentes com a ACES Oeste Norte, temos articulado com a ARSLVT e feito muita pressão junto do governo para que se resolva a situação”, disse Humberto Marques, salientando que a autarquia já propôs ao governo a possibilidade de esta mesmo contratar médicos. “No entanto a resposta é que não é possível porque os médicos contratados pela Câmara não podem emitir receitas e aceder aos processos clínicos dos utentes”, acrescentou.
Humberto Marques recordou que em 2013 o município de Óbidos celebrou um protocolo com a ACES Oeste Norte com o objectivo de dar alojamento gratuito a médicos que quisessem trabalhar neste concelho e que foram feitas parcerias com as juntas de freguesia para que estas assegurassem o transporte dos médicos e a cedência de administrativos.
“Recorde-se também que o executivo municipal substituiu-se ao Estado na construção de novos edifícios das unidades de cuidados de saúde pública, investindo na última década e meia mais de meio milhão de euros”, realçou o autarca, que considera “inadmissível” que o governo não assegure respostas ao nível dos cuidados de saúde primários.
A Câmara tem recebido várias queixas da população, que denuncia o facto das consultas de clínica geral serem constantemente desmarcadas, bem como a falta de emissão de receitas. Embora sem a mesma expressão, há também consultas de planeamento familiar, saúde materna e saúde infantil que não estão a ser agendadas com normalidade. “Nós não só estamos do lado da população, como somos o seu primeiro interlocutor nestas queixas, como também queremos ser parte da solução. Se for necessário fazer parcerias além das que já fizemos, estamos dispostos a colaborar com o Governo”, referiu Humberto Marques.
A Câmara já solicitou por diversas vezes reuniões com o Secretário de Estado da Saúde e tem mantido contacto constante com a ACES Oeste Norte e ARSLVT. No passado dia 1 de Agosto, o autarca escreveu mesmo uma carta ao Presidente da República dando conta da carência de médicos em Óbidos. “Também neste mês já informámos o Governo que caso o problema não seja resolvido que iremos tomar medidas”, acrescentou Humberto Marques.

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