A 9 de Agosto foi celebrado, na Festa das Tasquinhas, o Dia do Emigrante. Mais de mil pessoas reuniram-se para almoçar e conviver ao longo de todo o dia. Integrado na – Festa de Verão, o encontro entre estas pessoas ligadas à região que vivem nos quatro cantos do mundo, é um momento importante, de reconhecimento e de reencontro de quem está longe das suas origens.
O almoço decorreu nas tasquinhas do lado nascente (no próximo ano decorrerá a poente) e a seguir houve baile com música ao vivo para quem quis prolongar a festa. Algumas famílias trazem filhos que já nasceram nos países de acolhimento mas que gostam de manter ligação com a terra dos pais, vindo todos os anos passar as férias ao Oeste.
Tudo começou com um almoço de emigrantes no antigo Foz Praia, nos anos 80. Naquele espaço hoteleiro, que foi mandado construir por um emigrante caldense, “dava-se início a uma festa agora anual que tem por objectivo celebrar a diáspora”, comentou o presidente da Câmara, Tinta Ferreira que também veio participar no almoço-convívio deste ano.
Em seguida, na década de 90, cada uma das freguesias caldenses assumia a tarefa de organizar a festa do Emigrante até que, há cerca de uma década, a festa passou para as Tasquinhas “num ano em que esta celebração tinha sido incumbida à freguesia de Sto. Onofre”, recordou o edil caldense.
Este ano foram as tasquinhas situadas no lado nascente do pavilhão que prepararam tudo e no ano seguinte serão as do lado poente. Desta forma “são as freguesias através das suas associações que continuam a proporcionar as condições necessárias para a realização deste mega-almoço-convívio”. É a autarquia que paga as refeições e há uma pré-inscrição necessária para confirmar que os participantes estiveram no estrangeiro.
Para o presidente, esta festa “é muito importante para continuar a cimentar a nossa ligação com os nossos emigrantes e as novas gerações”. Na sua opinião é importante que essa passagem de testemunho vá acontecendo. O autarca reconhece também que os emigrantes vão-se unindo para realizar recolhas de fundo para equipamentos para as instituições locais. Quando esteve este ano no Canadá, num jantar em Oshawa, fez-se uma angariação de fundos para o Lar do Nadadouro de cerca de 15 mil dólares “e que foi uma boa ajuda para aquele projecto”, afirmou o edil que ainda referiu que também já foram feitas doações para aquisições de carros de bombeiros e para equipamentos para o CHO.
Filhos de emigrantes de férias no Oeste
Ana Sofia Carvalho é filha de emigrantes caldenses. Tem 29 anos e é casada com Chistropher Pickarski, que também tem mãe portuguesa.
Esta já foi a terceira vez que veio à festa do Emigrante. O casal veio acompanhado pelo filho e por dois sobrinhos. “Acho que é importante continuar a vir a Portugal e a participar neste tipo de convívios”, disse Ana Carvalho acrescentando que quer manter-se ligada à terra dos pais. Vem todos os anos no Verão para o Oeste e gostam muito da vida de cá, “porque é mais calma e gostamos muito da praia e do sol”, disse Ana Carvalho que ainda assim, não tem intenção de vir morar para Portugal. “Não creio possível, sou professora do primeiro ciclo e tenho toda a minha vida por lá”, rematou a luso-descendente que mora nos arredores de Paris e que promete regressar para o ano para gozar o seu período de férias.
Clarisse Sabino vive no Canadá há 42 anos. Agora vem a Portugal todos os anos e passa nos Cabreiros (freguesia de Salir de Matos) entre quatro a seis meses por ano. Gosta de manter por cá as suas fazendas e quando vem trata a terra onde diz que tem, por exemplo, feijão-verde e pepinos. Gosta de vir a esta Festa do Emigrante pois “costumo encontrar aqui muita gente conhecida”, disse a emigrante. Uma das suas filhas costuma vir passar férias e “ela diz que vir para cá é melhor do que ir para as Caraíbas!”, comentou. Do Canadá diz que o que mais sente falta é das filhas e dos netos.
Por lá fez uma vida de trabalho numa fábrica, no aeroporto e mais tarde num restaurante de uma familiar. Maria José Felizardo está também há 42 anos em França e esta foi a primeira vez que veio à Festa do Emigrante.
Só regressa a terras gaulesas no final de Setembro e aproveita os dias de descanso na sua terra natal. Com o seu marido, Bertino Felizardo, trabalharam numa empresa nos arredores de Paris a fazer limpezas e peças de automóveis. “Ele depois trabalhou numa fábrica de fazer sumo de laranja”, contou a Maria José Felizardo. A emigrante diz que quando estão lá “sentimos falta de tudo o que é português!”.
Isabel Guedes, 49 anos, viveu mais de 13 anos e meio em França. Agora regressou e está feliz por estar a viver nas Caldas a sua terra natal. “Nós lá ganhamos melhor…”, disse a emigrante acrescentando que “cá há mais segurança e tranquilidade”. Quando viveu em Avignon entre as coisas que mais falta sentia era da gastronomia portuguesa e também do convívio que há por terras lusas e que em França “não é igual”.