Alimentação saudável – somos o que comemos

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Gazeta das Caldas
2016-05-06 Primeira.inddÉ uma daquelas pessoas que até gostava de ter uma alimentação mais saudável, mas não sabe por onde começar? Ou é a falta de tempo, de dinheiro, ou de paciência que impedem essa decisão? Hoje, pela mão de Joana Codinha Mendes, trazemos-lhe várias receitas que podem ser um bom princípio para mudar a dieta. Mas tenha sempre em mente o seguinte: mais que a alimentação, é preciso um estilo de vida saudável.

Estamos no meio da Praça da Fruta, vemos, ouvimos, cheiramos, saboreamos e sentimos tudo o que esta tem para nos dar. Que melhor local para falar de alimentação saudável do que aqui? Numa solarenga manhã de sexta-feira estamos à conversa com Joana Codinha Mendes, engenheira alimentar e docente da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste desde 2013. “Muitas vezes as pessoas até querem ter uma alimentação saudável, mas não sabem como fazer diferente”, começa por explicar. Assim, conta, a primeira coisa do dia é beber um copo de água com gotas de sumo de limão “porque alcaliniza o sangue e ajuda o corpo a utilizar os minerais”. Pode, por exemplo, enriquecê-la com rodelas de limão, pau de canela, lascas de gengibre e folhas de hortelã. Em seguida deve fazer uma pausa, despachando-se para o dia a dia e, entre 20 a 30 minutos depois deve fazer aquela que é considerada a mais importante refeição – o pequeno-almoço. A maioria das pessoas não tira proveito desta importante refeição, acabando por usar produtos pouco saudáveis. Os néctares, leites achocolatados, iogurtes de aromas ou chás frios são bombas de açúcar e os cereais, para além do açúcar, contém muitas gorduras. “O grande problema associado à alimentação é a grande quantidade de produtos industriais que consumimos porque são alimentos pouco nutritivos e carregados de venenos”, resume.

SUGESTÕES SAUDÁVEIS
Posto isto, esta engenheira alimentar vai deixar aos nossos leitores algumas sugestões saudáveis. Comecemos pelo pudim de chia, para o qual se usam 300g de morangos, mangas ou outro fruto de polpa carnuda, 200g de “leite” vegetal e quatro colheres de sopa de chia. À noite, antes de ir dormir, faz-se um batido com as sementes de chia, o “leite” vegetal e a fruta. Deixa-se no frio e de manhã está formado um pudim que é colocado numa taça e finalizado com pedaços de morango, mirtilos, lascas de côco e pitada de granola. É fácil, completo e apelativo. “Parece que estamos a comer uma sobremesa ao pequeno-almoço, mas não leva nenhum açúcar para além do da própria fruta”, realça. Mas também podemos ir para as barras de cereais. Basta escolher o cereal de base (aveia, arroz tufado, quinoa, por exemplo) e introduzir o que quisermos saborear (como noz, ameixa, passas de uva, etc.). Junta-se um adoçante natural (como o mel) ou manteiga de amendoim, vai ao forno e corta-se em pequenas barras. Uma vez mais, é fácil, bom e barato.

LEITE DE AVEIA
Joana Mendes nasceu em Peniche, onde ainda reside. Não é vegan, nem vegetariana. “Não sigo uma corrente, observo o meu corpo e faço o que ele pede”, explicou, concluindo que passou a comer menos carne e que deixou de beber leite de vaca, passando agora a fazer o seu leite de aveia, que lhe custa cerca de 20 cêntimos por litro e que aguenta entre três a quatro dias no frio. E assim paramos a conversa, que agora queremos aprender a fazer esse leite de aveia! É fácil, assegura Joana Mendes. Colocamos entre 50 a 70 gramas de aveia, consoante a consistência desejada, em água durante uma hora. Depois bate-se a aveia com um litro de água, escoa-se com um passador de rede fina et voilá. E perguntamos nós: com estas novas receitas, a nossa carteira não vai sentir esta mudança também? Joana Mendes é peremptória na resposta: “não sai muito mais caro”. E exemplifica, deixando uma sugestão para o almoço: o salteado de cogumelos shitake, com feijão e espinafres. Curiosos? Uma vez mais, não é difícil. A Joana ensina: coze-se em separado o arroz integral e o feijão vermelho. Depois é só saltear uma cebola e dois ou três dentes de alho em azeite e deixar refogar. Junta-se gengibre e curcuma ralado e tempera-se com pimenta preta, pitada de cominhos, piri-piri e noz moscada. Por fim, juntam-se os cogumelos para saltear, seguidos, do feijão e do arroz. Rega-se tudo com um pouco de sumo de lima ou limão e deixa-se cozinhar por cinco minutos. Por fim, há que juntar uma boa dose de orégãos e espinafres. Para além de receitas, Joana Mendes gosta de falar sobre a importância da alimentação, não só na prevenção, como também na cura de doenças, destacando as propriedades fitoquímicas presentes em vários vegetais que ajudam a combater o cancro. Voltemos ao projecto que lançou no final do ano passado: o Be Bio. A ideia surgiu nas formações que dava como engenheira alimentar. Ali mostrava os riscos associados aos vários alimentos e os formandos perguntavam: “o que podemos comer com segurança?”. Assim, decidiu lançar a página do Facebook e no futuro pretende criar um blog para chegar às pessoas da região e fazer workshops nas Caldas, para além de criar os seus próprios produtos para venda.

CREME DE FRUTA PARA O LANCHE
E deixa-nos, para o lanche, um creme de fruta com granola. Bata uma laranja, uma maçã e frutos vermelhos, depois finalize com fruta fresca e granola. Calma! Antes de pôr as mãos na massa, recorde-se que todas as sementes devem ser germinadas em água. E se estiver nas Caldas, o melhor é mesmo recorrer à Praça da Fruta, podendo complementar as compras em lojas de produtos biológicos ou de produtos naturais. Ainda assim, salienta Joana Mendes: “é preferível comer produtos não biológicos do que não comer fruta ou vegetais de todo”. Como o dia ainda não acabou, para o jantar a sugestão é um minestrone, para o qual se refogam em azeite dois dentes de alho, uma cebola picada, louro, uma pitada generosa de piri-piri, um ou dois ramos de aipo e uma cenoura cortados aos pedacinhos e deixam-se a amolecer. Depois junta-se um tomate bem maduro, triturado, orégãos, feijão (cozido previamente), sal e pimenta. Deixa-se a cozinhar por uns minutos, junta-se água (a gosto), massa e courgete aos pedaços. Depois da massa cozida, junte-se couve cortada em juliana e sal picada e deixar cozinhar por mais dois a três minutos. Ficou com água na boca? Então mãos à obra, que a gula não tem de ser um pecado. “Adoro comer e como o que gosto”, exclamou Joana Mendes, explicando que “tem de ser apelativo ao gosto, ao olfacto e à visão porque os olhos são os primeiros a comer”. Portanto, sempre tendo em mente um equilíbrio entre alimentação saudável, exercício físico e saúde mental, experimente uma destas receitas e tire as suas próprias conclusões. “É importante olhar para nós como um todo, alimentar bem o corpo e a mente”, conclui.

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PUDIM DE CHIA
300g morangos ou manga ou outro fruto de polpa carnuda 200g bebida “leite” vegetal (usei de aveia) 4 colheres de sopa de chia Finalizar com pedaços de morangos, mirtilos, lascas de coco e Pitada de Granola

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MINESTRONE
Refogar em azeite dois dentes de alho, uma cebola picada, louro, uma pitada generosa de piripiri, um ou dois ramos de aipo e uma cenoura cortados aos pedacinhos e deixar amolecer. Juntar depois um tomate bem maduro triturado, orégãos, feijão (já cozido), sal e pimenta e deixar cozinhar. Juntar água a gosto (não muita para não fi car muito liquida), massa, courgete aos pedaços. Depois da massa cozida juntar couve cortada em juliana e sal picada e deixar cozinhar por mais 2-3m.

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SALTEADO DE COGUMELO SHIITAKE, FEIJÃO E ESPINAFRES
Cozer arroz integral e reservar. Cozer o feijão e reservar. Saltear em azeite uma cebola, 2-3 dentes de alho (depende do tamanho) e deixar refogar um pouco. Juntar gengibre e curcuma ralado e temperar com pimenta preta, pitada de cominhos, piri-piri, noz moscada. Juntar os cogumelos e saltear. Colocar o feijão vermelho e o arroz. Regar com um pouco de sumo de lima ou limão. Deixar cozinhar por mais 5m. Colocar uma boa dose de orégãos e por fi m os espinafres e envolver.