Casal de caldenses quer colocar o pão na base de uma alimentação saudável

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Ana Belém e Luís Rosa decidiram, aos 36 e 43 anos, respectivamente, fazer uma mudança radical na sua vida. Ela jurista e ele     frequentar um curso de padaria na sua cidade natal, as Caldas da Rainha. Começaram em Março e não se arrependem da decisão tomada, até porque o seu futuro poderá passar por apostar nesta área, numa vertente de alimentação saudável e de qualidade de vida.
Fátima Ferreira
O interesse pela panificação é antigo, mas as actividades profissionais de ambos foram adiando a sua concretização, até Janeiro deste ano, altura em que viram um anúncio sobre a abertura de um curso de padaria no pólo caldense da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO). O casal há muito que já fazia pães em casa, até porque Ana Belém é vegetariana e procuravam ambos fazer uma alimentação o mais saudável possível. Entretanto, com o nascimento da filha e a sua intolerância à proteína do leite de vaca, ainda passaram a dar mais atenção à alimentação e, entre ela, ao consumo de pão saudável. As tentativas que já tinham feito para dar uma verdadeira concretização a este hobby, com mais informação e técnica, saíram-lhes goradas porque os cursos existentes eram para desempregados ou pessoas em fase de reconversão profissional, pelo que ficavam sempre sem vaga. Ainda tentaram aprender em algumas padarias. “Inicialmente havia uma grande abertura, mas quando as pessoas se apercebiam que estávamos interessados e queríamos aprender mais, as portas começavam-se a fechar”, recorda Luís Rosa. A notícia da abertura do curso levou-os a suspender a actividade profissional, sobretudo Luís Rosa que trabalhava na Noruega, durante seis meses, para regressar à terra natal e aprender mais sobre padaria. Desde meados de Março que andam, literalmente, a pôr a mão na massa, e dizem que está a correr bem, embora seja tudo novidade. “Os nossos colegas já são todos panificadores e pessoas com muita experiência nas áreas da pastelaria e padaria, mas para nós quase tudo é novidade e fazer pão não é uma arte tão simples como se possa imaginar”, diz Luís Rosa que está sempre atento aos segredos e detalhes que fazem um bom padeiro. O formando revela ainda que este é um curso “muito completo”, embora no seu caso, pela falta de experiência, pense que “precisaríamos de mais horas de área prática”. Já tiveram um módulo de padaria regional portuguesa e, na semana passada, na sala de formação de padaria estava tudo a postos para uma aula sobre como fazer pão bijou, uma especialidade do norte do país.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
O casal ainda não sabe como será o seu futuro, após o final desta formação, em Setembro, mas vai dizendo que está a gostar e pondera mesmo vir a fazer desta área uma forma de vida. E o enfoque será, especificam, sempre numa vertente de alimentação saudável, sobretudo com a confecção de pães possíveis de serem consumidos por hipertensos, diabéticos e celíacos. Ana Belém diz mesmo que um dos motivos que lhe suscitou interesse nesta formação foi o facto de esta incidir bastante em produtos biológicos, o que também faz dela um projeto-piloto em Portugal. Luís Rosa corrobora da ideia de que está a verificar-se uma alteração de paradigma na área da padaria, com uma aposta em alternativas mais saudáveis, como de resto já há muito tempo se verifica na Noruega. No país nórdico “consome-se mais pão que em Portugal, mas talvez não haja tanta variedade como cá”, explica Ana Belém, acrescentando que enquanto que em Portugal a maior procura é pelo pão de trigo e refinado. Em contrapartida, na Noruega usam-se sobretudo as farinhas mais integrais e outras variedades como o centeio, espelta e aveia. “O consumo de pão de trigo refinado, que em Portugal é feito diariamente, na Noruega tem um consumo residual, por considerarem que é pobre em termos nutricionais”, conclui.
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