António Raminhos veio às Caldas falar sobre as suas Marias

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Notícias das Caldas
Neste espectáculo António Raminhos faz uma viagem desde a sua infância até à actualidade, destacando-se a sua figura de pai | B.R.

“As Marias…” é o mais recente espectáculo de António Raminhos, que passou pelos Pimpões no dia 11 de Março. Esta foi também a estreia do humorista nas Caldas da Rainha, que foi recebido por um auditório lotado e maioritariamente jovem, que não conteve os risos ao longo de mais de uma hora.

Antes mesmo de começar, António Raminhos esclareceu o público: “aquilo que estão prestes a assistir não é standup comedy, é mais uma espécie de terapia, uma palestra emocional para quem vai ou pensa ser pai”. Afinal, este espectáculo é inspirado precisamente nas suas duas filhas mais novas, Maria Rita e Maria Inês.

Agora um pouco mais velhas, as Marias têm quatro e dois anos nos vídeos e imagens que são apresentados em palco e que complementam continuamente as palavras do humorista. António Raminhos mostra à plateia momentos reais que foram gravados por si: desde brincadeiras, birras, conversas à mesa, viagens de carro ou partidas. Se há algo que o espectador fica a saber sobre o artista, é que é um pai presente e bastante brincalhão.
“Os vídeos são espontâneos, elas não sabem que eu estou a filmar”, contou Raminhos, revelando à Gazeta das Caldas que é a sua mulher quem desempenha o papel de editora, aconselhando-o quais os melhores vídeos a colocar no Youtube ou sobre as partes que devem ser cortadas. “Já discutimos várias vezes sobre a exposição a que nos sujeitamos – até que ponto é demasiada – mas chegamos à conclusão que é controlada e que, acima de tudo, faz mais bem que mal”, disse o comediante, adiantando que recebe muitas mensagens positivas das pessoas que assistem ao conteúdos que coloca online.
No próprio espectáculo, Raminhos faz questão de explicar ao público os motivos que o levam a gravar tantos vídeos. A primeira razão é que “faço parte de uma geração que tem poucas recordações da sua infância e não quero que as minhas filhas passem pelo mesmo”. Isto porque o artista nasceu em 1980, quando as tecnologias ainda não faziam parte do dia-a-dia das famílias. Depois, porque “quero que elas nunca se esqueçam de mim e que um dia mais tarde possam ver como era a nossa relação”, justificou.

“NUNCA MENDIGUES RISOS”

À frente e por detrás das câmaras, em cima e fora do palco, Raminhos confessa que é sempre a mesma pessoa. Revela também que já lhe aconteceu fazer piadas que pensaria que iriam ser um sucesso mas que depois não funcionaram em público, do mesmo modo que outras que à partida não teriam qualquer impacto tornaram-se virais. “Sempre sofri com o facto de querer agradar toda a gente com o meu trabalho, fico até incomodado quando uma piada é interpretada de forma negativa”, contou, revelando que foi aprendendo a seguir o conselho de outro amigo comediante – o brasileiro Rafinha Bastos – que numa ocasião lhe disse “nunca mendigues risos”.
Em “As Marias…”, António Raminhos dá uma série de lições sobre a missão de ser pai: uma tarefa que considera para a vida toda. Aconselha as famílias a ensinarem as crianças a perder, a utilizarem o mesmo vocabulário que usam nas conversas com adultos e a não se deixarem manipular pelos “pequenos ditadores” que acham que tudo podem. Chama também a atenção para o facto das crianças serem extremamente consumidoras e revela como a paternidade é um verdadeiro teste à relação do casal. “Uma coisa é certa: as coisas nunca acontecem como nós queremos e prevemos”, disse Raminhos, realçando que ser pai é sinónimo de ter medo de tudo e simultaneamente ter contacto com um amor imensurável.
Ao mesmo tempo, este espectáculo é também uma viagem à infância do próprio Raminhos, que conta em piadas a relação que tem com a família, as melhores peripécias que fez em miúdo e os namoros que marcaram a adolescência até ao seu casamento. Para quem nasceu nos anos 80 é ainda o recordar dessa geração e do modo como brincavam as crianças nesses tempos, tão diferentes dos dias de hoje.