Cerâmica das Caldas presente em São Bento

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Eneida Tavares, que se formou e trabalha nas Calda, é uma das designers presentes nesta mostra

O primeiro-ministro António Costa abriu, no passado sábado, a sua residência oficial no Palácio de S. Bento ao design português, bem como às artes tradicionais, preenchendo o rés-do-chão da residência oficial com uma selecção de obras feita pela curadora Bárbara Coutinho, do MUDE (Museu do Design e da Moda). Ali podem-se encontrar diversos trabalhos de artistas caldenses em exposição

O primeiro-ministro António Costa abriu as portas de Belém ao design nacional

José Luiz Almeida Silva
jlas@gazetadascaldas.pt

Naquela exposição, que reúne mais de oito dezenas de obras, podemos ver autores e peças que muito dizem aos caldenses, como uma escultura em cerâmica de 1964 de Luís Ferreira da Silva, realizada no Estúdio SECLA, da colecção Pedro Moura de Carvalho, o prato Quimera de Vhils, criado para o 135º aniversário das Faianças Bordalo Pinheiro, um jarrão Girassol de Bordalo Pinheiro de 1900, a Jarra Caruma da designer residente nas Caldas, Eneida Tavares, realizado na Vícara, as Jarras Elefantes do designer Fernando Brízio, professor na ESAD e feitas nas Faianças Bordalo Pinheiro, além de uma jarra do designer francês Sam Baron, que escolheu Portugal para residir, feita na Olfaire, também nas Caldas. Na exposição também estava patente a mesa UFO em mármore do Samuel Santos, de Alcobaça, que cursou na ESAD em Design de Ambientes.
‘Design em São Bento – Traços da Cultura Portuguesa’ vai estar patente durante 18 meses e disponibiliza visitas guiadas todos os primeiros domingos de cada mês. Segundo a curadora, “a integração das artes decorativas e dos ofícios populares, apresentados como exemplos de racionalidade, economia de recursos, engenho, beleza e funcionalidade expressa um conceito abrangente de design enquanto capacidade inata do homem, provando a pertinência dos saberes tradicionais como fonte de inspiração, educação e desenvolvimento, e evidenciando o valor do design como alicerce de um modelo de desenvolvimento sustentável.”
Na cerimónia de inauguração aberta ao público, que reuniu centenas de pessoas nos jardins de S. Bento, estando presentes com informalidade vários membros do governo, foi explicado pela curadora a razão daquela iniciativa, para trazer ao público bem como aos visitantes internacionais que reúnem com o primeiro-ministro, a criatividade portuguesa, quer ancestral como contemporânea.
Para António Costa, aquela exposição não significava que se transformara a residência “num museu, nem numa galeria”, mas sim num “espaço de vida” para ser utilizado e fruído por quem ali trabalha bem como para os visitantes estrangeiros que ali vão regularmente. E considerou que havia a intenção de “homenagear os ‘designers’ e industriais portugueses”, acrescentando que a iniciativa “é um exemplo que pode e deve ser replicado em outros edifícios de representação política”, tendo sido pedido pelo representante da Associação Portuguesa das Indústrias do Mobiliário, na intervenção que fez, que estendessem aquela iniciativa a todas as representações de Portugal no mundo.
O primeiro-ministro também anunciou que a 5 de Outubro será substituída a exposição ali patente da coleção Norlinda e José Lima (que foi apresentada aos caldenses numa iniciativa do Casal da Eira Branca, nos Infantes, há cerca de dois anos) por obras de uma nova coleção privada sediada em Abrantes, propriedade do colecionador Figueiredo Ribeiro. A coleção Figueiredo Ribeiro vai ser a 4ª edição da “Arte em São Bento”, iniciativa que se iniciou em 2017, e terá como curadores Ana Anacleto e João Silvestre.