Luís Franco Bastos: “o rótulo de imitador de vozes foi difícil de descolar”

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Notícias das Caldas
Música, futebol, política, mulheres. O espectáculo de Luís Franco Bastos foi diversificado e incluiu vários momentos de improviso. | B.R.

Luís Franco Bastos regressou às Caldas da Rainha. Passaram-se dois anos desde “Roubo de Identidade” e o humorista diz-se agora no pico da maturidade adulta, aos 28 anos. “A Voz da Razão” é por isso um espectáculo mais profundo, crítico e corrosivo que o anterior. Mudanças à parte, mantiveram-se as gargalhadas do público que encheu novamente o grande auditório do CCC para assistir às vozes do criativo Luís Franco Bastos.

Um humorista que imita vozes e não apenas um imitador de vozes que conta piadas. Foi esta a meta que Luís Franco Bastos conseguiu cortar, à medida que se foi afirmando como profissional do humor. Ajudaram os programas de rádio, primeiro na Antena 3 (“Outra Coisa”), actualmente na MegaHits (“Só que não”). E também as luzes da televisão que o catapultaram para um público generalista em pleno horário nobre, quando o ano passado animou a Gala dos Globos de Ouros (SIC).

“Acredito que consegui descolar-me do rótulo de imitador de vozes através do conteúdo dos meus textos, do meu lado criativo”, disse à Gazeta das Caldas, revelando que há muitas vozes que tem guardadas na gaveta, mas que não pode levá-las a palco porque as figuras em questão não têm mediatismo. “Há outras que gostava muito de imitar, mas que saíram de cena, como a do Paulo Bento. Espero que ele regresse em breve, desde que não seja como selecionador nacional!”, brincou o jovem de 28 anos, que também destaca a voz de Sócrates como uma das mais desafiantes.
Às Caldas da Rainha, Luís Franco Bastos trouxe várias figuras do Sporting. Começando desde logo pelo seu treinador, Jorge Jesus, a quem o humorista não poupou críticas. “Penso que às vezes não se percebe o que ele diz porque a pastilha fica colada… Não sei se já repararam mas ele mastiga de boca aberta, quase dá para ver a pastilha ao fundo da garganta a pedir socorro. Deve estar em cativeiro há quase 20 anos”, ironizou, acrescentando que desde que o técnico dirige o Sporting está “televisivamente mais forte”. Talvez porque durante os seis anos em que treinou o Benfica não pôde sair do armário e foi obrigado a reprimir a sua orientação clubística.
Do treinador para o presidente dos leões, Luís Franco Bastos assumiu-se preocupado com o facto de Bruno Carvalho ter sido pai há pouco tempo. Como pode uma pessoa que não é capaz de ser responsável pela sua página de Facebook cuidar de uma vida humana? Esta foi a pergunta lançada pelo humorista, que também imitou a voz de Rui Patrício. “Ele é o melhor guarda-redes português, um dos melhores do mundo na minha opinião, mas sempre que fala parece que acabou de escapar de um prédio em chamas e ainda está desorientado”, disse.
Luís Franco Bastos confessa: “imito muitas pessoas do Sporting”. Mas também explica porquê. É que a maior parte das figuras relevantes do panorama futebolístico português são ou foram formadas neste clube, que tem a melhor academia do país. Olhem o Ronaldo. “No início da minha carreira era fácil gozar com ele , hoje em dia é uma máquina de marketing bem sucedida, fala três línguas e bate todos os recordes”, afirmou o humorista, que abordou no seu espectáculo a relação que o futebolista tem com o filho e focou-se no mistério que muita gente tem curiosidade em ver desvendado: quem é a mãe do Cristianinho?

UM “PRESIDENTE MORTO” DURANTE OITO ANOS

Depois de equiparar a voz de Francisco Louçã a um GPS apenas programado com a indicação “vire à esquerda”, Luís Franco Bastos debruçou-se sobre Cavaco Silva. O antigo Presidente da República é, na sua opinião, um verdadeiro objecto de estudo político. “Afinal somos o único país que teve um presidente que faleceu mas esteve oito anos em funções”, disse, acrescentando que após as últimas eleições o país deu uma volta de 180 graus. “Passámos para o oposto, para um presidente que nada todos os dias no Guincho às sete da manhã e é a maior estrela de reality show que Portugal já teve”. Franco Bastos comparou mesmo Marcelo Rebelo de Sousa a Nª Sra. de Fátima: ambos estão em “todo o lado”.
O discurso complexo das mulheres também não ficou esquecido pelo humorista, que defendeu como seria útil aos homens que existisse um Google Tradutor para decifrar o verdadeiro significado do vocabulário feminino. Já as aventuras que viveu numa viagem ao Porto com o grupo LX Comedy Club (Salvador Martinha, Rui Sinel de Cordes e Ricardo Vilão) quando todos eram rapazes solteiros encerrou este espectáculo, que contou ainda com o jovem Pedro Teixeira da Mota para a abertura.